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EUA capturam petroleiro em fuga de porto rebelde líbio

Navio tinha partido com um carregamento de petróleo de um porto líbio controlado pelos rebeldes de oposição


	Navio petroleiro: apreensão do navio-tanque pelas forças dos Estados Unidos poderá impedir tentativas de venda de petróleo pelos rebeldes
 (Wikimedia Commons)

Navio petroleiro: apreensão do navio-tanque pelas forças dos Estados Unidos poderá impedir tentativas de venda de petróleo pelos rebeldes (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 12h12.

Trípoli - As forças especiais dos Estados Unidos assumiram o controle de um navio petroleiro comercial que tinha partido com um carregamento de petróleo de um porto líbio controlado pelos rebeldes de oposição, interrompendo a tentativa dos militantes de vender petróleo no mercado global.

Rebeldes federalistas líbios, que exigem autonomia regional e uma parte da renda do petróleo, conseguiram carregar petróleo em um navio, que escapou da Marinha da Líbia, constrangendo o governo de Trípoli, e que levou o Parlamento a demitir o primeiro-ministro.

Comandos da Marinha dos Estados Unidos invadiram o navio Morning Glory, ao entrar em águas internacionais ao largo de Chipre na noite de domingo, e assumiram o controle do navio, que segundo o Pentágono estaria sob o comando de três líbios armados.

O impasse sobre o controle do petróleo no país membro da Opep ilustra o quão frágil a estabilidade da Líbia permanece desde a guerra civil apoiada pela Otan que levou à queda do líder Muammar Gaddafi há quase três anos.

Com seu exército ainda em formação, um governo fraco tem sido incapaz de impor sua vontade às milícias anti-Gaddafi que agora usam a sua força militar para fazer exigências ao Estado, muitas vezes tendo o vital setor do petróleo como alvo.

Ao menos no curto prazo, a apreensão do navio-tanque pelas forças dos Estados Unidos poderá impedir tentativas de venda de petróleo pelos rebeldes, que em agosto assumiram o controle de três terminais de exportação responsáveis anteriormente por 700 mil barris por dia de exportações.

"O petróleo é a artéria da economia. O governo não vai permitir que brinquem com os bens e recursos do povo líbio", disse o governo líbio em um comunicado.


Ninguém ficou ferido no ataque ao petroleiro, que foi aprovado pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e solicitado pelos governos líbio e cipriota, informou o secretário da assessoria de imprensa do Pentágono John Kirby.

"The Morning Glory está transportando uma carga de petróleo de propriedade da Companhia Nacional de Petróleo do governo da Líbia. O navio e sua carga foram ilicitamente obtidos" a partir do porto líbio de Es Sider, informou o comunicado.

Foi a segunda vez em seis meses que as forças dos EUA se destacaram na Líbia. Uma equipe norte-americana deteve um suspeito da Al Qaeda na rua quando ele voltava para casa após orações na capital Trípoli, em setembro.

O Ministério das Relações Exteriores cipriota disse que o navio já estava em direção ao oeste do Mediterrâneo com uma escolta militar dos EUA. Ele estava parado a 29 quilômetros ao sudoeste de Chipre quando a operação ocorreu por volta da meia-noite (horário do Chipre).

The Morning Glory tinha bandeira norte-coreana, mas o governo de Pyongyang na quinta-feira disse que tinha notificado a Líbia e as autoridades marítimas de que havia cortado todos os laços com o navio por causa da carga de contrabando.

Não houve reação imediata dos rebeldes federalistas, com base no leste da Líbia.

Abb-Rabbo al-Barassi, auto-declarado primeiro-ministro do movimento rebelde, disse no sábado que seu grupo estava pronto para negociar o fim do bloqueio ao porto, mas o governo precisava abandonar os planos de montar uma ofensiva militar.

A fuga do petroleiro destacou a fraqueza das forças do governo, que haviam afirmado várias vezes que o navio de 37 mil toneladas estava sob seu controle apenas para o navio deslizar em águas internacionais depois de um tiroteio.

Ainda assim, a intervenção das forças dos EUA dá um impulso para o frágil governo líbio em sua luta para impor a ordem no vasto estado norte-africano, cuja transição para a democracia é dificultada por disputas tribais, regionais e políticas.

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