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EUA aposta em sanções e cooperação internacional no combate ao fentanil

66% dos casos de mortes por intoxicação de drogas nos Estados Unidos em 2022 foram causado por opioides sintéticos como o fentanil, produzido sobretudo por cartéis mexicanos

FENTANIL: opioide entre 50 e 100 vezes mais forte que a morfina que tem causado uma epidemia de overdose nos EUA (Getty Images/Getty Images)

FENTANIL: opioide entre 50 e 100 vezes mais forte que a morfina que tem causado uma epidemia de overdose nos EUA (Getty Images/Getty Images)

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AFP
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Agência de notícias

Publicado em 12 de abril de 2023 às 07h58.

Os Estados Unidos preveem aumentar as sanções para impedir o acesso dos traficantes de fentanil ao seu sistema financeiro e "liderar" um esforço global contra este flagelo, segundo uma diretriz anunciada pela Casa Branca nesta terça-feira, 11.

Estes opioides sintéticos ilícitos - mais fáceis de produzir e transportar do que outras drogas - "representam uma ameaça para a segurança nacional, a segurança pública e a saúde pública", diz a Casa Branca em uma nota, na qual detalhou o plano do presidente Joe Biden.

Washington "está construindo uma coalizão global" contra as drogas sintéticas ilícitas, mediante abordagens bilaterais e multilaterais e se oferece a "liderar" o esforço, acrescenta, especificando que a mesma será destinada a desenvolver soluções e impulsionar ações.

Proteger mais o sistema financeiro nacional é outra de suas prioridades.

Os efeitos do fentanil nos Estados Unidos

Ao menos 107.735 americanos morreram entre agosto de 2021 e o mesmo mês de 2022 intoxicados por drogas. Sessenta e seis por cento deles, por opioides sintéticos como o fentanil, produzido sobretudo por cartéis mexicanos.

Como os narcotraficantes precisam de fundos para as cadeias de abastecimento, o governo prevê aumentar "as medidas de prestação de contas, incluindo as sanções financeiras, contra objetivos-chave" para obstruir seu acesso ao sistema financeiro.

Neste contexto, também espera colaborar com parceiros internacionais sobre financiamento ilícito e lavagem de dinheiro.

Colaboração do setor privado no combate aos opioides

O plano prevê, ainda, trabalhar com o setor privado em nível global, por exemplo com os trabalhadores de transporte às vezes usados pelos narcotraficantes para seus propósitos, e reforçar a troca de informações entre as agências de Inteligência e as forças de segurança.

Para apoiar esta estratégia, o presidente Biden tem pedido ao Congresso que solucione as lacunas legais na luta contra a crise dos opiáceos e um investimento histórico de 46,1 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 231 bilhões) para as agências do Programa Nacional de Controle de Drogas.

Fentanil e o conflito dos Estados Unidos, China e México

A crise do fentanil se tornou um tema recorrente dos republicanos no Congresso, onde alguns chegaram a pedir que os cartéis mexicanos sejam declarados organizações terroristas.

Há algumas semanas, o governo americano aumentou a pressão sobre o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador que, por sua vez, pediu ajuda à China.

Segundo a agência antidrogas americana (DEA), os cartéis compram no país asiático os precursores químicos para produzir o fentanil, até 50 vezes mais potente do que a heroína, e os levam ao México.

Mas o Ministério das Relações Exteriores chinês respondeu-lhes que "a origem da superdosagem jaz nos Estados Unidos" e é um problema americano.

No terreno, as autoridades americanas também reforçaram os meios ultimamente.

Em março, o Departamento de Segurança nacional lançou a Operação Blue Lotus para detectar e confiscar fentanil na fronteira com o México e nos portos de entrada.

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