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EUA anunciam sanções à Rússia por ataque com agente nervoso no Reino Unido

Os EUA responsabilizaram a Rússia pelo uso do agente neurotóxico no caso Skripal e as novas sanções vão afetar as exportação de produtos tecnológicos

Trump foi criticado por implementar sanções e manter uma boa relação com Putin (Yuri Senatorov/Reuters)

Trump foi criticado por implementar sanções e manter uma boa relação com Putin (Yuri Senatorov/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de agosto de 2018 às 09h44.

Última atualização em 9 de agosto de 2018 às 09h49.

Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira (8) a intenção de impor novas sanções econômicas à Rússia, depois de responsabilizarem Moscou pelo ataque com agente nervoso Novitchok ocorrido em março no Reino Unido.

O Departamento de Estado informou que as sanções são em resposta ao "uso de um agente nervoso 'Novichok' em uma tentativa de assassinar o cidadão do Reino Unido Serguei Skripal", ex-agente duplo russo, e sua filha, Yulia, em março.

"O governo da Federação da Rússia usou armas químicas ou biológicas em violação à lei internacional", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, ao informar sobre a decisão em um comunicado.

As novas sanções vão entrar em vigor após um período de notificação do Congresso de 15 dias, disse Nauert.

Um alto funcionário do departamento de Estado, que pediu para não ser identificado, revelou à imprensa que as sanções envolvem exportação de produtos tecnológicos, como aparelhos ou equipamentos eletrônicos, e poderão "custar centenas de milhões de dólares à economia russa".

A partir do momento em que entrarem em vigor, a Rússia terá 90 dias para declarar que deixou de utilizar armas químicas ou biológicas e se comprometer a não fazê-lo no futuro, permitindo inspeções.

Caso as exigências não sejam cumpridas, uma segunda bateria de sanções "draconianas" seria adotada, podendo chegar à proibição de pousos de companhias russas no Aeroportos dos EUA e até na suspensão das relações diplomáticas bilaterais, revelou o alto funcionário.

O Kremlin foi notificado nesta quarta-feira da decisão.

Em março, o Tesouro americano já tinha sancionado 19 cidadãos russos e cinco entidades por interferências nas eleições dos Estados Unidos em 2016, os atos mais duros contra Moscou desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo.

Washington decidiu agir depois que a comunidade de Inteligência americana determinou que a Rússia tentou ajudar Trump a vencer as eleições presidenciais.

O anúncio de novas sanções reforçaria a afirmação de Trump de que o governo está adotando uma posição dura com relação a Moscou, apesar de ter denunciado a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a trama russa como uma "caça às bruxas", que deveria parar de imediato.

Trump foi duramente criticado pelos opositores, mas também por membros de seu próprio partido pelo que foi considerada uma atitude muito complacente com relação a Moscou na cúpula com seu contraparte russo, Vladimir Putin, no mês passado, em Helsinque.

Na coletiva de imprensa que se seguiu à reunião entre os dois, Trump pareceu negar as conclusões de sua própria agência de Inteligência sobre a interferência eleitoral de Moscou.

Skripal e sua filha foram envenenados no começo de março em Salisbury, sudoeste da Inglaterra, com o agente neurotóxico Novichok, uma tentativa de homicídio que o governo britânico atribuiu à Rússia, que por sua vez refuta categoricamente a acusação.

O caso desatou uma grave crise diplomática entre russos e ocidentais, que deu lugar a expulsões cruzadas de diplomatas.

Hospitalizados em estado crítico, Seguei e Yulia Skripal conseguiram sobreviver após várias semanas internados em tratamento intensivo.

Ex-encarregado dos serviços de espionagem do Exército russo, Serguei Skripal foi condenado em 2006 por alta traição, acusado de vender informação aos serviços britânicos. Depois de se beneficiar em 2010 de uma troca de espiões entre Moscou, Londres e Washington, decidiu se instalar na Inglaterra.

Além dos Skripal, um casal de britânicos foi envenenado em 30 de junho após ter contato com Novichok contido em um frasco. A mulher, Dawn Sturgess, de 44 anos, morreu, mas seu companheiro, Charlie Rowley, sobreviveu.

Na terça, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), com sede em Haia, informou que Londres pediu que aumentasse sua assistência técnica no caso do agente neurotóxico Novichok.

A pedido de Londres, a OPAQ enviou uma equipe em julho para "determinar de forma independente a natureza" da substância que causou a morte de uma pessoa na Inglaterra.

Os agentes nervosos Novichok são uma série de tóxicos pouco conhecidos e altamente perigosos, desenvolvidos por cientistas soviéticos nos anos 1970-1980, último período da Guerra Fria. Esta substância, que pode levar à morte, age no sistema nervoso, gerando perda de controle muscular, espasmos e paralisia.

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