Esta será a terceira vez que os EUA deixam a Unesco, sendo a segunda durante uma administração Trump (Brendan SMIALOWSKI / AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de julho de 2025 às 10h01.
Última atualização em 22 de julho de 2025 às 10h03.
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira, 21, que vão deixar novamente a Unesco, a agência educacional, científica e cultural das Nações Unidas, citando o que consideram um viés anti-Israel da organização. A decisão, divulgada pelo governo, ocorre apenas dois anos após o país ter voltado a integrar o organismo.
A porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce, afirmou que a retirada está ligada à percepção de que a Unesco promove “causas sociais e culturais divisivas”. Em comunicado, ela destacou que a decisão da agência de admitir o Estado da Palestina como membro pleno é “altamente problemática, contrária à política dos EUA e contribuiu para a proliferação de retórica anti-Israel dentro da organização”.
Esta será a terceira vez que os EUA deixam a Unesco, sendo a segunda durante uma administração Trump. O republicano já havia anunciado a saída do país da agência durante seu primeiro mandato (2017-2021), e os EUA só retornaram após cinco anos de ausência, quando o governo Biden apresentou novo pedido de reintegração em 2023. A nova decisão deve entrar em vigor no fim de dezembro de 2026.
O anúncio não surpreendeu os dirigentes da Unesco, que já esperavam esse movimento após a revisão determinada pela atual administração Trump no início do ano — quando foram anunciadas, entre outras, a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Acordo de Paris (pacto contra o aquecimento global). A expectativa era de que Trump retirasse os Estados Unidos novamente, já que o retorno em 2023 havia sido promovido por seu adversário político.
Embora a retirada americana ainda possa impactar financeiramente a agência, já que os EUA contribuem com uma parcela significativa de seu orçamento, a Unesco tem buscado diversificar suas fontes de receita nos últimos anos. Hoje, a contribuição de Washington representa apenas 8% do orçamento total da organização, publicou a Associated Press.
A Unesco é responsável por promover cooperação internacional nas áreas de educação, ciência e cultura, além de designar locais considerados Patrimônio Mundial da Humanidade. Ainda não há confirmação sobre quando a saída americana será formalizada, nem sobre eventuais implicações práticas para os projetos em andamento com participação dos EUA.
A nova decisão reacende críticas de que os Estados Unidos estariam adotando uma postura cada vez mais cética em relação às instituições multilaterais, em especial aquelas associadas ao sistema das Nações Unidas.