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EUA ainda pagam pela passagem há um ano do furacão Sandy

O Sandy, um dos furacões mais caros da história americana, arrasou costa leste do país, atingindo 24 estados, em particular Nova York, Nova Jersey e Connecticut

Casa destruída pelo furacão Sandy, em Staten Island (Nova York): furacão chegou a Nova York no dia 29 de outubro à noite, provocando danos sem precedentes (AFP)

Casa destruída pelo furacão Sandy, em Staten Island (Nova York): furacão chegou a Nova York no dia 29 de outubro à noite, provocando danos sem precedentes (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2013 às 19h17.

Nova York - Os Estados Unidos ainda têm muito trabalho pela frente para reparar os danos no valor de 60 bilhões de dólares provocados há um ano pela passagem do furacão Sandy, enquanto buscam meios de se proteger melhor de novos desastres meteorológicos.

O Sandy, um dos furacões mais caros da história americana, arrasou a costa leste do país, atingindo 24 estados, em particular Nova York, Nova Jersey e Connecticut (nordeste), deixando mais de 200 mortos.

O furacão chegou a Nova York no dia 29 de outubro à noite, provocando danos sem precedentes. O sul de Manhattan permaneceu sem energia elétrica durante uma semana e a cidade, uma das capitais financeiras do mundo, ficou paralisada.

O metrô ficou inundado, milhares de voos precisaram ser cancelados e ao menos 650 mil lares ficaram sem energia elétrica, em alguns casos durante semanas. Hospitais e escolas também foram afetados, assim como o fornecimento de combustível devido aos danos nas refinarias.

Ante a magnitude do desastre, o Congresso americano aprovou um pacote de ajuda de 60 bilhões de dólares, mas a burocracia, os atrasos e questões vinculadas aos seguros dificultaram a chegada deste dinheiro às muitas vítimas.

Embora a resposta tenha sido em parte boa, em alguns segmentos é patética, segundo Steven Cohen, professor de administração pública da Universidade de Columbia, em Nova York.

"A melhor parte foi a resposta de emergência, a proteção das pessoas e o restabelecimento do sistema de metrô da cidade de Nova York o mais rápido possível", indicou.

"A pior parte foi a burocracia e a política que cerca a reconstrução, o fato de que levou meses para que o pacote de ajuda fosse aprovado pelo Congresso", acrescentou.

Cohen pediu um aumento dos impostos, por exemplo, na gasolina, para criar um fundo que possa ser utilizado para este tipo de catástrofes naturais, cuja recorrência é cada vez maior.

"Vamos ver tempestades mais fortes, um nível do mar mais alto e temos que encontrar maneiras de absorver a água", disse.

Muitos especialistas destacaram o plano apresentado pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, com recomendações para melhorar a resistência da infraestrutura da cidade, com gastos previstos no valor de 19 bilhões de dólares.


Mas alguns pedem um enfoque mais regional que coordene os trabalhos de recuperação nas áreas mais afetadas, e não apenas em zonas abastadas, como Manhattan.

"O trabalho que temos pela frente é enorme", disse nesse sentido Illya Azaroff, um funcionário do Instituto americano de Arquitetos para o Design de Risco e Recuperação.

"Nova York está se movendo na direção correta. É o quadro maior o que representa o nosso próximo desafio", sustentou.

Os proprietários de casas danificadas ainda não sabem como obter os fundos disponíveis nem como utilizá-los da melhor forma, e para isso é necessário um enfoque regional.

"Estamos mais bem educados acerca de onde precisamos ir, mas há tantas dificuldades sobre como reconstruir melhor se você é proprietário de uma casa", indicou.

Em Oakwood Beach, Staten Island (sul de Nova York), que sofreu danos terríveis e onde três pessoas morreram em uma mesma rua, os vizinhos decidiram vender suas casas ao Estado, que converterá a área em uma zona de amortecimento para proteger melhor o interior da ilha.

Joe Tirone, um porta-voz da comunidade, declarou à AFP que 184 de 185 proprietários aceitaram a proposta do Estado de Nova York de comprar suas casas no valor anterior ao Sandy, com mais 10% de incentivo.

"Há muito poucos aluguéis, as pessoas viveram aqui por décadas", indicou, ao se referir a uma das condições do programa, projetado para beneficiar as pessoas do bairro, e não investidores imobiliários.

Mas nem todos querem se mudar, e nem todos recebem ofertas tão atrativas.

Em Midland Avenue, não muito longe de Oakwood Beach, o terreno onde se erguia a casa de Aiman Youssef está ocupado há meses por uma grande tenda e é a sede de um centro de ajuda criado por este homem pouco depois do furacão.

Youssef, um sírio de 43 anos, não apenas perdeu sua casa, onde vivia junto a sua mãe e seu sobrinho, mas também o negócio de eletrônica que funcionava nela, e há dez meses se aloja em um hotel próximo pago com fundos governamentais.

"Antes do Sandy este era um bairro de classe média. Agora é pobre", declarou.

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