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EUA afirmam que 'mais de 50 países' já pediram revisão das tarifas de Trump

Secretário do Tesouro americano fala em décadas de "mau comportamento" dos parceiros comerciais. Premiê britânico diz que 'o mundo como o conhecíamos desapareceu'

Trump: imposto universal de 10% sobre as importações de todos os países

Trump: imposto universal de 10% sobre as importações de todos os países

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 6 de abril de 2025 às 15h54.

O governo de Donald Trump assegurou neste domingo que mais de 50 países pediram para negociar a eliminação ou a redução das tarifas impostas por Washington a produtos importados pelos americanos, em conversas que, acrescentou a Casa Branca, podem levar meses até dar frutos.

Ontem, entrou em vigor nos Estados Unidos um imposto universal de 10% sobre as importações de todos os países. Na quarta-feira, os tributos sobre importações provenientes de alguns países, como os membros da União Europeia (20%) e a China (34%), aumentarão, conforme anunciou Trump em 2 de abril. No caso do Brasil, serão aplicamos somente os 10% básicos.

O anúncio do que Trump chamou de "tarifas recíprocas" provocou o colapso dos mercados em todo o mundo.

"Mais de 50 países entraram em contato com o governo para reduzir as tarifas e pôr fim à manipulação de suas moedas", declarou à NBC o secretário do Tesouro, Scott Bessent.  "Vamos ver se o que eles têm a propor é crível, porque depois de 20, 30, 40 ou 50 anos de mau comportamento, não se pode começar do zero."

A China respondeu imediatamente às tarifas sobre seus produtos com medidas similares contra os Estados Unidos. Já líderes europeus intensificaram seus contatos durante o fim de semana antes de, na segunda-feira, os ministros do Comércio da União Europeia se reunirem para definir a resposta do bloco.

"O mundo como o conhecíamos desapareceu", previu o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, diante dessa mudança no comércio internacional.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem encontro marcado nesta segunda-feira com Trump em Washington para tratar, entre outros assuntos, da nova tarifa aduaneira de 17% que os Estados Unidos planejam impor ao seu grande aliado, Israel.

Pouca abertura

Mas o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, advertiu neste domingo, no canal CBS, que as novas tarifas que entram em vigor em 9 de abril não estarão sujeitas a possíveis negociações.

"Não haverá adiamento", insistiu Lutnick. "As regras não estão equilibradas, e o presidente Trump vai consertar isso."

Na mesma linha, Bessent sugeriu que as tarifas que entrarem em vigor permanecerão ativas por ao menos vários meses: "Esse não é o tipo de coisa que se pode negociar em poucos dias ou semanas".

Os países que buscam uma saída negociada para a guerra comercial de Trump o fazem porque consideram que suas economias vão sofrer grande parte das consequências das tarifas, disse hoje à ABC, o principal assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett.

Diretor do Conselho Econômico Nacional, Hassett previu que não haverá um efeito importante sobre os consumidores nos Estados Unidos. No entanto, a maioria dos economistas prevê um aumento da inflação e uma desaceleração da economia dos EUA como consequência das tarifas.

Embora Hassett tenha reconhecido que pode haver um aumento de preços, considerou que as medidas protecionistas de Trump são uma forma de defender os trabalhadores americanos da concorrência desleal.

Questionado sobre por que a Rússia não estava na lista de países afetados pelas tarifas, o assessor afirmou que Trump preferiu não incluí-la por causa das tratativas para um possível fim do conflito na Ucrânia.

"Isso não significa que a Rússia será tratada de forma muito diferente dos demais países por muito tempo", acrescentou.

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