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EUA acusa Cuba de enviar 5 mil soldados para reforçar tropas russas na Ucrânia, diz Reuters

Governo americano pressiona aliados a votarem contra uma resolução da ONU que pede o fim do embargo econômico à ilha, mostra documento obtido pela agência

Cuba: Desde que retornou à presidência em janeiro, Donald Trump retomou a política de pressão máxima contra o regime de Havana (AFP)

Cuba: Desde que retornou à presidência em janeiro, Donald Trump retomou a política de pressão máxima contra o regime de Havana (AFP)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 5 de outubro de 2025 às 10h20.

Última atualização em 5 de outubro de 2025 às 10h21.

O governo dos Estados Unidos está pressionando aliados a votarem contra uma resolução da ONU que pede o fim do embargo econômico a Cuba, em vigor desde 1962. Segundo um telegrama do Departamento de Estado obtido pela Reuters, diplomatas americanos foram orientados a alegar que o regime cubano apoia diretamente a guerra da Rússia na Ucrânia, com o envio de combatentes.

Segundo o documento, datado de 2 de outubro, até 5 mil cubanos estariam lutando na Ucrânia ao lado das tropas russas.

O telegrama foi enviado a dezenas de missões diplomáticas dos EUA e recomenda que diplomatas solicitem votos contra ou abstenções na resolução — adotada anualmente desde 1992 com apoio quase unânime da Assembleia Geral da ONU.

O telegrama também afirma que a proposta da ONU “culpa incorretamente” os EUA pela crise econômica cubana, que, segundo Washington, decorre da “corrupção e incompetência” do próprio governo cubano.

De acordo com o documento, Cuba seria, depois da Coreia do Norte, o país que mais contribui com combatentes estrangeiros na guerra da Ucrânia.

Questionado pela Reuters, o Departamento de Estado se recusou a dar mais detalhes, mas reconheceu ter recebido relatos sobre a atuação de cubanos no front. Em resposta, acusou o governo cubano de falhar na proteção de seus cidadãos, permitindo que sejam usados como “peões” no conflito.

Além do apoio à Rússia, os EUA acusam Cuba de desestabilizar democracias no Hemisfério Ocidental. O documento cita o alinhamento entre Havana e Caracas como parte da tensão crescente.

Na ONU, o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, reagiu. Pediu que o órgão impeça os EUA de “iniciar uma guerra na região” e classificou o combate ao narcotráfico alegado por Washington como um “pretexto grosseiro e ridículo”.

Cuba na mira de Washington

Desde que retornou à presidência em janeiro, Donald Trump retomou a política de pressão máxima contra o regime de Havana. O republicano reincluiu o país na lista americana de patrocinadores do terrorismo e reforçou restrições a transações financeiras e viagens, além de impor sanções a estrangeiros que contratam médicos cubanos.

A nova campanha diplomática ocorre em meio ao endurecimento da postura americana também em relação à Rússia. Nas últimas semanas, Trump passou a ameaçar sanções contra compradores de petróleo russo e autorizou o compartilhamento de inteligência com Kiev.

Segundo o Departamento de Estado, a resolução da ONU tem sido usada por Havana como “mecanismo de vitimização”.

Um porta-voz afirmou, em nota enviada por e-mail à Reuters, que “o governo Trump não apoiará um regime ilegítimo que ameaça os interesses de segurança nacional dos EUA na região”.

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