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Etanol, pesquisa agrícola e combate ao terrorismo: o que está nos acordos entre Brasil e Índia

Lula recebeu o premiê indiano Narendra Modi em Brasília nesta terça-feira, após o encontro do Brics

O premiê da Índia, Narendra Modi, com o presidente Lula em Brasília (Ricardo Stuckert/PR)

O premiê da Índia, Narendra Modi, com o presidente Lula em Brasília (Ricardo Stuckert/PR)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 8 de julho de 2025 às 16h17.

Última atualização em 8 de julho de 2025 às 16h19.

Rio de Janeiro - O encontro do Brics marcou mais um passo na aproximação comercial entre Brasil e Índia. Depois da reunião do bloco, o premiê Narendra Modi foi recebido em Brasília em uma visita de Estado e assinou quatro acordos com o Brasil.

Os documentos incluem parcerias em energia renovável, combate ao terrorismo e ao crime organizado, troca de informações confidenciais e pesquisa agrícola.

Neste último item, haverá uma cooperação entre a Embrapa e o Conselho Indiano de Pesquisa Agrícola.

"O acordo estimulará projetos de inovação na produção de alimentos. Nossa pecuária deve muito à Índia. 90% do rebanho zebuíno brasileiro é resultado de 60 anos de intensa cooperação bilateral em melhoramento genético", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda na área agrícola, os dois países deverão avançar em parcerias envolvendo biocombustíveis. A Índia tem aumentado a demanda, pois estabeleceu como meta ampliar para 20% a mistura de etanol na gasolina e para 5% a proporção de biodiesel no óleo diesel. O Brasil, como grande produtor desses itens, vê aí uma oportunidade.

Em segurança, uma das medidas é a abertura de uma nova representação da Polícia Federal do Brasil em Nova Déli.

Remédios e aviões

As parcerias entre os dois países avançam ainda em medicamentos e aviação. A Índia é um grande fornecedor de insumos farmacêuticos para o país.

"O suprimento indiano foi essencial para enfrentarmos a pandemia da Covid-19. O acordo recente entre a brasileira Bion e a indiana Wockhardt permitiu a retomada da produção nacional de insulina", disse Lula.

O país asiático busca comprar mais aeronaves. De olho nesse mercado, a Embraer anunciou um escritório em Nova Déli este ano.

"Temos 4 mil aeronaves voando no mundo inteiro e são 50 num país desse tamanho. É muito pouco para um país com 1,4 bilhão de pessoas”, diz o CEO da Embraer, Francisco Gomes, ao EXAME INSIGHT, no começo de junho.

Espaço para crescer

Em 2024, o comércio entre os dois países foi de US$ 12 bilhões, com crescimento de 24% nos cinco primeiros meses de 2025.

As exportações brasileiras chegaram a US$ 5,26 bilhões, com destaque para açúcar, petróleo bruto, óleos e aviões. As importações somam US$ 6,8 bilhões, fazendo da Índia a sexta maior origem de importações para o Brasil.

No encontro desta terça, Lula e Modi disseram ver espaço para aumentar muito o volume das trocas entre os dois países.

Lula disse ser possível triplicar esse valor no curto prazo. Modi foi mais comedido e falou em chegar a US$ 20 bilhões, sem citar em quanto tempo.

“No caso da Índia, não teremos outra oportunidade tão grande como esta, porque a relação entre os dois países não tem conflitos, são países amigos e gigantes territorial e populacionalmente", disse Jorge Vianna, presidente da ApexBrasil, na abertura do Fórum Econômico Brasil–Índia, realizado na segunda-feira no Rio de Janeiro. "Há um enorme espaço para crescimento em ambas as direções."

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