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Estudo revela que algas podem prejudicar recifes de corais

Elas causam branqueamento dos corais e suprimem a fotossíntese através da emissão de produtos químicos anti-coral

O lado positivo é que elas poderiam ajudar a conter o crescimento dos recifes de coral em todo o mundo (Getty Images)

O lado positivo é que elas poderiam ajudar a conter o crescimento dos recifes de coral em todo o mundo (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2011 às 17h20.

São Paulo - O aquecimento dos oceanos, a poluição costeira e até mesmo o protetor solar têm sido responsabilizados pelo perigoso estado dos recifes de coral do mundo. Agora, os cientistas acrescentaram outro culpado para a matança dos corais: as algas marinhas.

O estudo Macroalgal terpenes function as allelopathic agents against reef corals, realizado ao redor dos recifes das Ilhas Fiji, descobriu que algumas algas causam branqueamento dos corais e suprimem a fotossíntese através da emissão de produtos químicos anti-coral.

De acordo com os autores do estudo, as algas poderiam ajudar a conter o crescimento dos recifes de coral em todo o mundo.

Pela primeira vez foram identificadas e mapeadas as estruturas químicas de moléculas usadas por certas espécies de algas marinhas que matam ou inibem o crescimento de recifes de coral. 


As substâncias químicas encontradas na superfície de várias espécies têm se mostrado prejudiciais, sugerindo que essas algas poderiam ser um dos fatores do declínio e da falta de recuperação dos recifes de coral em todo o mundo.

Durante as últimas décadas, os cientistas observaram numerosos recifes sendo conquistados por algas. Mas os especialistas não têm certeza se foram elas que contribuíram para o declínio do coral ou simplesmente se beneficiaram dela.

"Agora nossa pesquisa sugere que, uma vez que os corais estejam em declínio devido a uma combinação de tensões globais e locais, algumas algas utilizam a ‘guerra química’ para suprimir a recuperação dos corais adultos remanescentes e dos novos corais", disse o co-autor do estudo Douglas Rasher, doutorando do Instituto de Tecnologia Georgia, em Atlanta.

Para Rasher, é improvável que as armas químicas sejam desenvolvidas pelas algas, especificamente para atacar corais, uma vez que as interações entre os dois organismos têm sido historicamente pouco frequentes nos recifes primitivos.


"Nossa hipótese é de que [as algas] podem ter evoluído para produzir estes compostos em sua superfície, em resposta à concorrência com os micróbios ou aos ataques de animais de pasto, que estiveram lutando por milhões de anos", explicou.

"Foi somente nos últimos tempos, talvez nos últimos 30 ou 40 anos, que as algas começaram a ter um impacto sobre os corais".

Duas forças principais estão sendo sugeridas ​​para estar dirigindo o grande crescimento das algas. Em alguns casos, depósitos de resíduos agrícolas e esgotos despejam grandes quantidades de nutrientes em recifes perto da costa, estimulando o crescimento desta vegetação.

Em outros casos, inclusive no local onde Rasher realizou o estudo em Fiji, as algas podem estar ganhando uma posição devido à pesca excessiva de espécies de peixes que se alimentam destas algas.


Por exemplo, perto de cada vila costeira estudada pelo pesquisador existe uma área marinha protegida, sem permissão de pesca, bem próxima aos recifes desprotegidos que estão abertos à pesca. "Você geralmente vê recifes desprotegidos dominado por macroalgas, com corais e biomassa de peixes sendo suprimidos", disse ele. "Este parece ser um padrão consistente ao longo das costas, onde estamos trabalhando, para que você possa ver a justaposição mesmo a uma escala local, a poucos quilômetros."

Rasher e seu assessor, Mark Hay, esperam que a pesquisa possa ajudar os gestores dos recifes a compreenderem quais algas são prejudiciais para o coral e destacar maneiras de inverter a tendência de crescimento delas.

Este aumento é normalmente controlado por peixes herbívoros, mas em muitas partes do mundo, a pesca excessiva reduziu drasticamente as populações desses consumidores - permitindo que as algas dominassem. Entender essas substâncias químicas nocivas e as algas que as produzem, no entanto, poderia levar ao desenvolvimento de novas técnicas de gestão que visam proteger os peixes que consomem as algas mais prejudiciais. A proteção desses herbívoros poderia ajudar a reduzir a pressão sobre os corais, potencialmente permitindo a recuperação de alguns recifes ameaçados.

"Durante anos temos visto padrões que sugerem que as algas podem estar danificando, quimicamente, os corais", disse Hay. "O trabalho de Doug, finalmente, demonstra que isto é químico e que os peixes controlam melhor a maioria das algas quimicamente agressivas."


Em algum nível, essas moléculas podem definitivamente matar os corais. Mas a outros níveis, o que eles provavelmente estão fazendo é cortando as opções de os recifes se recuperarem, fazendo destes recifes locais não receptivos às larvas recém-chegadas. É difícil para corais jovens colonizar e crescer através de uma camada quimicamente tóxica de algas.

"Nossos resultados sugerem que a proibição da pesca dos peixes que se alimentam de algas pode diminuir a abundância de algas nos recifes degradados e, assim, tornar esses recifes de coral mais propensos ao reestabelecimento", explica o cientisita.

"Está se tornando claro que o problema para o coral não é apenas um fator", disse Rasher. "O declínio dos recifes de coral é resultado de uma interação complexa entre vários fatores. Nosso estudo mostra que, independentemente de quais os fatores que estão impulsionando o declínio, uma vez que as algas se estabelecem, elas podem suprimir a recuperação de coral."

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