Van Rompuy: uma saída da Zona Euro "geraria mais problemas que soluções" (Louisa Gouliamaki/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de setembro de 2011 às 18h19.
São Paulo - O Fundo Monetário Internacional (FMI) precisa de análises mais realistas sobre a capacidade dos países de pagar suas dívidas, advertiram os técnicos do FMI em um relatório publicado hoje. A questão ganha relevância pelo equívoco do fundo sobre os problemas da dívida grega, segundo o relatório. Uma previsão melhor do FMI teria permitido chamar a atenção para o que se tornou uma custosa e problemática deterioração econômica do país e da zona do euro.
"É necessário modernizar o sistema para a política fiscal e para as análises de sustentabilidade da dívida pública, especialmente na questão das recentes crises e do aumento das preocupações de sustentabilidade dos negócios em algumas economias avançadas", diz o relatório.
O fundo espera implementar algumas das recomendações de seus técnicos nos próximos meses, incluindo adotar o limite de 60% da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para começar uma fiscalização mais intensa. O FMI também vai adotar uma avaliação mais baseada no risco durante análise das contas de um país.
Antes da crise econômica mundial de 2008, os gastos governamentais dos países ricos foram inflados pela confiança em um crescimento vigoroso. A crise e a subsequente recessão colocaram os níveis da dívida em foco no momento em que os mercados começaram a questionar a capacidade dos governos de pagar suas imensas dívidas, que só aumentaram quando economias avançadas colocaram em seus encargos programas massivos de estímulo. Como as projeções de crescimento têm sido constantemente revistas para baixo nos meses recentes, combater os níveis elevados de endividamento é cada vez mais urgente, diz o relatório.
O estudo sugere que a Grécia é um exemplo perfeito da equivocada análise do FMI. Atenas está à beira de um default, negociando empréstimos do FMI e da União Europeia para cobrir suas dívidas. No entanto, o FMI previu, em uma análise da economia da Grécia em 2007, que a dívida do país atingiria no máximo 98% do PIB no pior cenário. Em 2010, a dívida chegou a 142% do PIB e alguns economistas disseram que poderia atingir 180%.
"Antes da crise, as análises do fundo nem sempre davam atenção suficiente para a sustentabilidade da dívida pública em países com mercado de acesso, especialmente em economias avançadas", diz o relatório.
Muitas economias avançadas precisam de uma análise mais profunda do FMI se a relação da dívida com o PIB atingir 60%, incluindo os Estados Unidos. Com as despesas superiores às receitas, o FMI projeta que a relação da dívida americana com seu PIB suba de 99 5% este ano para 112% dentro de cinco anos. Os economistas do fundo estimam que o máximo alcance que a dívida pode ser sustentável sem incapacitar a economia é entre 60% e 80% do PIB.
Embora alguns membros do conselho do FMI sejam reticentes, os técnicos do fundo também disseram que a cobertura do equilíbrio fiscal e da dívida pública dos países deveria ser tão ampla quanto possível, levando em conta passivos, como programa de benefícios.
O relatório está alinhado com as recomendações em um novo livro dos economistas do FMI sobre como governos planejam reduzir suas dívidas. No livro "Chipping Away at Public Debt: Sources of Failure and Keys to Success in Fiscal Adjustment", os economistas dizem que a elaboração de planos para dar conta de choques financeiros e econômicos vão melhorar as chances de tirar os balanços governamentais do vermelho. As informações são da Dow Jones.