Mundo

Estudantes reduzem protestos perto de diálogo com Maduro

Caracas voltou ao ritmo normal ao longo do dia, ainda que pequenos grupos de manifestantes tenham bloqueado os acessos a alguns bairros

Mulher protesta na embaixada de Cuba: cerca de 30 universitários foram até a embaixada para protestar contra suposta "ingerência" da ilha no governo de Nicolás Maduro (AFP)

Mulher protesta na embaixada de Cuba: cerca de 30 universitários foram até a embaixada para protestar contra suposta "ingerência" da ilha no governo de Nicolás Maduro (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 19h15.

As manifestações de estudantes opositores ao governo de Nicolás Maduro diminuíram nesta terça-feira na Venezuela, um dia antes do diálogo de paz convocado pelo governo para acabar com a violência das últimas semanas.

Numa tentativa de aplacar a tensão, a Venezuela anunciou que designou um novo embaixador nos Estados Unidos. Mas ainda nesta terça-feira, Washington expulsou três diplomatas venezuelanos em recíproca à medida similar tomada por Caracas em 17 de fevereiro.

Caracas voltou ao ritmo normal ao longo do dia, ainda que pequenos grupos de manifestantes tenham bloqueado os acessos a alguns bairros usando escombros e lixo.

Durante a noite de segunda-feira, pequenos grupos de manifestantes foram dispersados pela polícia em Caracas. No estado de Táchira, onde os protestos estudantis começaram em 4 de fevereiro, alguns incidentes foram registrados.

Cerca de 30 universitários foram até a embaixada de Cuba, na capital venezuelana, para protestar contra uma suposta "ingerência" da ilha no governo de Nicolás Maduro.

"Lamentavelmente existe a presença de militares do governo dos irmãos Castro nos quartéis venezuelanos", disse a líder estudantil Gabriela Arellano, em frente à embaixada cubana, cuja segurança foi reforçada.

Mais cedo, uma dúzia de jovens se concentraram no bairro de classe média alta de Los Naranjos para repudiar o governo e a crise econômica que afeta o país. O grupo levou cartazes com dizeres como "Venezuelano que não protesta, não sai dessa. Participe."

Nos últimos dias, a intensidade dos protestos que chegaram a reunir diariamente alguns milhares de estudantes diminuiu. Ainda assim, confrontos entre pequenos grupos de rebeldes e policiais foram registrados durante as noites na praça Altamira, em Caracas.


As barricadas e as manifestações fizeram com que os estabelecimentos da capital venezuelana fechassem as portas mais cedo, e as ruas ficassem desertas.

Os manifestantes lutam contra a insegurança, a elevada inflação (56%), a escassez de produtos básicos e a prisão de vários estudantes. O movimento começou em San Cristóbal e logo se espalhou para cidades como Caracas, Mérida e Valência. Segundo dados oficiais e uma contagem feita pela AFP, os protestos deixaram 14 mortos, mais de 140 feridos e 45 detidos.

Cabo de guerra

Os Estados Unidos expulsaram nesta terça-feira três diplomatas venezuelanos, informou a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.

A chancelaria venezuelana confirmou, também nesta terça-feira, que "Maximilian Arvelaéz foi proposto pelo governo para ser o novo embaixador da Venezuela nos Estados Unidos", tal como havia antecipado o presidente Nicolás Maduro.

O novo embaixador tem como finalidade restaurar "a capacidade de diálogo com a sociedade norte-americana, para que semeie a verdade sobre a Venezuela, porque acreditam que estamos nos matando e pedem a intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela", explicou Maduro.

O anúncio foi recebido com ceticismo por Washington. "O intercâmbio de embaixadores é uma decisão mútua. Há meses dizemos que estamos abertos a negociar, mas a Venezuela precisa mostrar seriedade sobre suas intenções", disse Psaki.

Ambos países estão sem embaixadores desde 2010, e todas as tentativas até o momento para retomar plenamente as relações fracassaram.

Apesar das desavenças políticas, os Estados Unidos continuam sendo o primeiro comprador de petróleo do país, que detém uma das maiores reservas do mundo.


Diálogo de paz

Maduro, herdeiro político do falecido presidente Hugo Chávez, participou na segunda-feira em uma reunião com prefeitos e governadores para preparar um diálogo nacional de paz, previsto para quarta-feira, mas o principal opositor venezuelano, Henrique Capriles, não compareceu ao encontro.

Capriles, governador do estado de Miranda e da ala moderada da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), se negou a participar no encontro, segundo ele, como protesto pela "situação de violação dos direitos humanos e repressão" do país.

Mas Maduro afirmou estar "seguro que vão sair grandes acordos para o futuro da pátria". Ele pediu respeito à Constituição e entendimento.

O governador opositor do estado de Lara, Henri Falcón, pediu a Maduro a redução dos confrontos e que o governo reconheça que a Venezuela "vive uma crise econômica", com a escassez de alimentos e a inflação elevada.

Analistas duvidam do alcance do diálogo e muitos consideram que a convocação de Maduro é uma tentativa de ganhar tempo para aplacar os distúrbios.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaNicolás MaduroOposição políticaPolíticosProtestosProtestos no mundoVenezuela

Mais de Mundo

Califórnia promete intervir se Trump eliminar incentivos fiscais a veículos elétricos

Trump diz que taxará produtos do México e Canadá assim que assumir a presidência

Mais de R$ 4,3 mil por pessoa: Margem Equatorial já aumenta pib per capita do Suriname

Nicarágua multará e fechará empresas que aplicarem sanções internacionais