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Estudantes organizam protestos contra Maduro apesar de violência

Os estudantes devem organizar assembleias e passeatas em vários centros de ensino para rejeitar a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente

Conflito: atos de violência deixaram 32 mortos em pouco mais de um mês de manifestações da oposição (Marco Bello/Reuters)

Conflito: atos de violência deixaram 32 mortos em pouco mais de um mês de manifestações da oposição (Marco Bello/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de maio de 2017 às 11h58.

Universitários venezuelanos pretendem organizar protestos nesta quinta-feira contra o presidente Nicolás Maduro, em meio aos temores de novos atos de violência, que deixaram 32 mortos em pouco mais de um mês de manifestações da oposição.

Os estudantes, os que mais entram em confronto com as forças de segurança nas manifestações, devem organizar assembleias e passeatas em vários centros de ensino para rejeitar a Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro e exigir a saída do presidente.

"Estamos aguentando há mais de um mês, isto não é uma corrida de velocidade, e sim de resistência. A Venezuela está nas ruas para lutar contra esta ditadura", afirmou Daniel Ascanio, da Universidade Simón Bolívar.

De acordo com os líderes do movimento estudantil, as manifestações terão as presenças de deputados opositores, sindicatos e outros setores.

O protesto dos estudantes acontecerá após um dia de intensos distúrbios em Caracas, depois de uma passeata de milhares de opositores contra a Constituinte, dispersada pelas forças de segurança com bombas de gás lacrimogêneo.

Vários jovens responderam com pedras e bombas incendiárias. Armando Carrizales, de 18 anos, morreu e quase 300 pessoas ficaram feridas, de acordo com informações preliminares.

"Seguiremos nas ruas"

Maduro está decidido a levar adiante a ideia da Assembleia Constituinte para conter a ofensiva da oposição nas ruas e, em suas palavras, instaurar "a paz" e frear um "golpe de Estado".

A oposição afirma que a Constituinte consolida um "golpe de Estado", que alega ter começado quando o principal tribunal de justiça do país assumiu temporariamente, no fim de março, as funções do Parlamento, único poder do Estado com maioria contrária ao governo.

"Seguiremos nas ruas, apesar da forte repressão do regime", afirmou Santiago Acosta, dirigente estudantil na Universidade Católica Andrés Bello (UCAB).

Os protestos acontecem em meio a uma forte crise econômica, que afeta os venezuelanos com uma severa escassez de alimentos e remédios, além da maior inflação do mundo.

"Diante da gravidade da crise que o país vive hoje, seguiremos adiante", desafiou Ascanio, ao convocar o protesto, em meio aos aplausos dos estudantes e gritos de "democracia" e "liberdade".

De acordo com várias pesquisas, mais de 70% dos venezuelanos rejeitam a gestão de Maduro da crise, que minou sua popularidade.

O presidente entregou na terça-feira à justiça eleitoral, ao mesmo tempo em que aconteciam distúrbios, o decreto de convocação do processo que pretende "reforçar" a atual Constituição, aprovada durante o governo do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).

De acordo com Maduro, a Constituinte "popular" será integrada por 500 pessoas, metade delas eleitas por setores sociais e as demais por circunscrição municipal, o que, de acordo com constitucionalistas, fará com que o voto não seja universal.

O presidente não explicou até agora como serão definidos os setores, em alguns casos divididos entre os que apoiam o governo e a oposição, como os universitários, apesar de ter afirmado que os estudantes e jovens terão grande participação.

"Nós não respaldamos sua Constituinte, porque o que o senhor planeja é uma grande fraude para seguir aferrado ao poder. Senhor Nicolás Maduro vá para o caralho", afirmou, irritado, Ascanio.

Os opositores defenderam nas ruas a convocação de eleições, mas o anúncio de Maduro de uma Constituinte provoca incerteza sobre as eleições de governadores, que deveriam ter acontecido em 2016, assim como sobre as votações para prefeitos de 2017 e as presidenciais de 2018.

Como parte das medidas da oposição para pressionar o governo, o presidente do Parlamento, Julio Borges, se reunirá nesta quinta-feira em Washington com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

A Venezuela iniciou na sexta-feira passada o processo de saída da OEA, ao acusar a organização de interferência e de promover uma invasão estrangeira.

"A OEA pro caralho", afirmou na semana passada Maduro.

A situação do país provoca inquietação internacional. Vários países expressaram o temor com o aumento da violência, assim como o papa Francisco, que ofereceu ajuda a um "diálogo", mas com "condições claras".

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