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Estilo Bergoglio chega ao Vaticano

Entre os desafios do papa Francisco estão a nova evangelização e a potencialização do diálogo ecumênico com as outras igrejas cristãs


	O recém-eleito papa Franciso, Jorge Mario Bergogli: Jorge Mario Bergoglio terá que enfrentar, sobretudo, a renovação da Cúria vaticana, envolvida em confrontos e com uma burocracia lenta que dificulta seu funcionamento.
 (REUTERS / Alessandro Bianchi)

O recém-eleito papa Franciso, Jorge Mario Bergogli: Jorge Mario Bergoglio terá que enfrentar, sobretudo, a renovação da Cúria vaticana, envolvida em confrontos e com uma burocracia lenta que dificulta seu funcionamento. (REUTERS / Alessandro Bianchi)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Cidade do Vaticano - Sem mantelete e usando a estola apenas para o momento da bênção, o novo papa Francisco mostrou desde sua primeira aparição pública um estilo diferente, mais simples e franciscano, na linha do nome adotado, embora ele seja jesuíta.

Alguns observadores vaticanos já chamam essa característica e o comportamento do novo pontífice de "Bergoglio-style", ressaltando, sobretudo, o frescor de suas primeiras palavras: "parece que os cardeais tiveram que ir quase ao fim do mundo para buscar o Bispo de Roma, mas já estou aqui".

Essas palavras, dizem os vaticanistas, representam um novo estilo de se comunicar. Mas esse não foi o único sinal, já que até agora era comum ver o papa recém eleito se apresentar aos fiéis com a mantelete vermelha.

Francisco chegou à sacada da Basílica de São Pedro usando a batina branca e a mantelete branca, mas sem a estola, que só utilizou para o momento da bênção.

O papa começou seu pronunciamento com um "boa tarde" e pediu aos fiéis que, antes de dar-lhe a bênção, pedissem a Deus que o abençoasse. A imagem de um papa inclinado perante os fiéis ao fazer este pedido foi outro "ponto a favor" para os romanos, acostumados há 35 anos a não ter um papa italiano e que não levaram em conta sua pronúncia italiana, e sim louvaram e cantaram para seu novo bispo.

Mas não só isso, essa inclinação foi entendida como um gesto de "humildade, de total disponibilidade perante a Igreja". Este foi um gesto insólito para um pontífice recém eleito.


Entre os desafios do papa Francisco estão a nova evangelização e a potencialização do diálogo ecumênico com as outras igrejas cristãs.

O fato de que se apresentasse como Bispo de Roma e insistisse várias vezes nesse ponto, embora seja normal, foi visto pelos observadores como sua intenção de estimular o ecumenismo em prol da unidade.

Os ortodoxos rejeitam o primaz de Roma e, visto que isso é um dos empecilhos para a unidade, Bento XVI já havia expressado seu desejo de que sejam estudadas as formas para que seu Ministério como bispo de Roma possa realizar um serviço reconhecido por todos.

Em novembro de 2007, as igrejas ortodoxas reconheceram o bispo de Roma como "primeiro patriarca", embora continuem discordando dos católicos sobre a interpretação de suas prerrogativas, segundo um documento conjunto aprovado pela Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre Católicos e Ortodoxos.

As palavras de Francisco parecem seguir nessa direção de aprofundar esse diálogo.

A escolha de seu nome também representa uma mudança. Pela primeira vez na história da Igreja um papa, neste caso um jesuíta, adota o nome do Santo de Assis, Francisco, o grande reformador da Igreja de seu tempo.


Jorge Mario Bergoglio terá que enfrentar, sobretudo, a renovação da Cúria vaticana, envolvida em confrontos e com uma burocracia lenta que dificulta seu funcionamento.

Após a renúncia de Bento XVI, era dado como certo que o novo papa tinha que ser jovem para os padrões de liderança da Igreja, ou seja, entre 65 e 70 anos. No entanto, o eleito tem 76, por isso alguns observadores já falam em um pontificado de transição.

Todos os olhares estão voltados para a pessoa que será escolhida como Secretário de Estado (primeiro-ministro) para enfrentar o escândalo Vatileaks (as intrigas, confrontos e supostos casos de corrupção) e a transparência financeira no Instituto para as Obras de Religião (banco do Vaticano), com o objetivo - como pretendia Bento XVI - de entrar na chamada "lista branca" de Estados que respeitam as normas para a luta contra a lavagem de dinheiro.

A escolha do argentino Bergoglio também representa um reconhecimento ao continente da esperança, como João Paulo II chamou a América Latina, onde vive cerca de metade dos católicos de todo o mundo, mas também onde o número de fiéis tem diminuído. 

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