Mundo

Esteio de Trump, poderosa associação de rifles pode acabar nos EUA

Processo no estado de Nova York pede que a NRA seja dissolvida. Trump respondeu dizendo que a "esquerda radical de Nova York" está por trás da ação

Letitia James, procuradora-geral em Nova York: ação contra a NRA (Brendan McDermid/Reuters)

Letitia James, procuradora-geral em Nova York: ação contra a NRA (Brendan McDermid/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 16h55.

A procuradoria de Nova York quer dissolver a NRA, poderosa associação de rifles que é uma das maiores financiadoras de campanha nos Estados Unidos.

A procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, abriu um processo contra a associação por fraude e má conduta financeira. Segundo a acusação, a associação teria desviado milhões de dólares em recursos para alguns de seus líderes, como o atual presidente da NRA, Wayne LaPierre. Os acusados teriam usado para fins pessoais os recursos da NRA, que tem isenção de alguns impostos por ser uma associação sem fins lucrativos.

O processo pede que a NRA seja dissolvida porque a corrupção na organização, segundo ela, é muito "ampla". "A NRA está cheia de fraudes e abusos, então, hoje procuramos dissolver a NRA, porque nenhuma organização está acima da lei", disse James.

A NRA disse que a acusação é "premeditada" e "sem fundamento". A associação diz ainda que James busca influenciar as eleições presidenciais de novembro, em que o presidente Donald Trump disputa a reeleição com o democrata Joe Biden. Nova York é um estado controlado historicamente pelo Partido Democrata, opositor de Trump.

Fundada em 1871, a NRA é especialmente próxima ao Partido Republicano, cujos candidatos nos últimos anos apresentaram uma visão mais permissiva com relação a armas. Também se tornou uma das principais apoiadoras do presidente Donald Trump, que tem forte discurso a favor de regras menos rigorosas para posse de armas nos Estados Unidos.

Graças à proximidade da NRA com importantes figuras políticas e a suas doações de campanha, LaPierre, à frente da NRA por décadas, é uma das figuras mais influentes em Washington.

Nos EUA, a posse de armas é garantida pela Segunda Emenda da Constituição, mas as regras variam a depender dos estados. Nova York é um dos que têm legislação mais restrita.

Em um dos episódios de desvio na NRA, a procuradoria aponta que LaPierre teria visitado as Bahamas mais de oito vezes com um jatinho particular e usando 500.000 dólares que seriam da associação.

A NRA e seu lobby pró-armas foi especialmente criticada nos últimos anos após tragédias de tiroteio em escolas. Um dos mais recentes foi o caso da Stoneman Douglas High School, que vitimou 18 adolescentes em 2018, na Flórida -- um dos estados mais permissivos com relação a armamentos.

Questionado sobre o processo da NRA em Nova York, Trump disse a jornalistas que foi uma "coisa terrível" e que a "NRA deveria se mudar para o Texas e levar uma vida muito boa e bonita". Trump disse ainda que a "esquerda radical de Nova York" está por trás da ação contra a NRA.

Acompanhe tudo sobre:ArmasDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Partido Republicano (EUA)

Mais de Mundo

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA

Eleições no Uruguai: 5 curiosidades sobre o país que vai às urnas no domingo

Quais países têm salário mínimo? Veja quanto cada país paga