Ronald Schemidt fotografou o manifestante José Víctor Salazar Balza em Caracas, na Venezuela (Romaldo Schemidt/AFP/Cedido por World Press Photo 2018/Reprodução)
Marília Almeida
Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 10h25.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2018 às 11h23.
Todo ano, a Wold Press Photo elege a foto mais impactante do jornalismo visual. Costumam ser momentos de conflito e desafios contemporâneos capturados em imagens belas, mas duras. Em 2018, pela primeira vez, o prêmio divulgou a lista de seis concorrentes ao prêmio máximo, pouco menos de dois meses antes da cerimônia que vai coroar o vencedor, no dia 12 de abril, em Amsterdã.
A foto, capturada em setembro de 2017 por Patrick Brown, mostra os corpos de refugiados do povo Rohingya, uma das minorias mais perseguidas do mundo. Desde 2016, são ativamente perseguidos pelas forças armadas de Myanmar, e, há três décadas, não têm direito à cidadania no país.
O grupo fotografado tentava fugir de Myanmar barco. A embarcação virou a 8 quilômetros de Bangladesh, e dos 100 fugitivos, apenas 17 sobreviveram.
De agosto a setembro do último ano, Adam Ferguson retratou as garotas sequestradas por militantes do Boko Haram. Aisha, de 14 anos, foi designada para uma missão suicida: com bombas amarradas ao corpo, foi deixada em uma área cheia de gente. Em vez de detonar as bombas, conseguiu escapar e pedir ajuda.
Toby Melville testemunhou os segundos que seguiram o atropelamento em massa de turistas na Ponte Westminster, em Londres, que deixou cinco mortos e múltiplos feridos em março de 2017.
Ivor Prickett registrou a fila de civis que permaneceram em Mosul, no Iraque, depois da batalha travada pelo governo para retomar a cidade dominada pelo Estado Islâmico. Eles foram reunidos no bairro de Mamun para receber ajuda humanitária. Hoje, grande parte da cidade segue em ruínas após o conflito, que matou milhares de civis.
Ivor Prickett concorre, pela segunda vez, com a imagem de um menininho resgatado da última região de Mosul controlada pelo ISIS, no momento em que é atendido pelas Forças Especiais Iraquianas.
Ronald Schemidt fotografou o manifestante José Víctor Salazar Balza em Caracas, na Venezuela. Sua roupa pegou fogo durante uma briga entre a polícia e o grupo que protestava contra o presidente Nicolás Maduro. 72% do seu corpo foi queimado. Ele precisou passar por 27 intervenções cirúrgicas para sobreviver.
A imagem escolhida como Foto do Ano será exibida em uma mostra que vai rondar 45 países durante o ano. O fotógrafo também recebe 10 mil euros, além de equipamento fotográfico de ponta.
Mais de 95 mil fotos foram enviadas para as diferentes categorias do concurso World Press Photo 2018. Essas seis foram consideradas as melhores – em execução técnica, mas, principalmente, pelas realidades que elas se propõem a mostrar. Os juízes justificaram a definição dos finalistas no vídeo abaixo. E você, o que achou da escolha?