Trump, um defensor ferrenho da pena de morte, ignorou uma petição de clemência (Alex Wong/Getty Images)
AFP
Publicado em 13 de janeiro de 2021 às 11h51.
Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 12h44.
Os Estados Unidos executaram, nesta quarta-feira (13), uma mulher que assassinou uma grávida para roubar seu feto, a primeira execução federal de uma mulher em quase 70 anos, em um dos últimos atos da presidência de Donald Trump.
"Lisa Montgomery, de 52 anos, foi executada na Penitenciária Federal de Terre Haute", no estado de Indiana, às 01h31 (3h31 de Brasília), anunciou o Departamento de Justiça em um comunicado.
Montgomery, que em 2004 matou uma mulher grávida para ficar com seu feto, recebeu uma injeção letal "de acordo com a pena capital recomendada por unanimidade por um júri federal e imposta pela Corte Distrital" do Missouri, continua o texto.
Pouco antes, a Suprema Corte havia rejeitado os últimos recursos interpostos pelos advogados da mulher, apesar da discordância de seus três magistrados progressistas.
Segundo a defesa, sua cliente sofria graves transtornos mentais em decorrência de agressões e estupros coletivos que sofreu na infância e não compreendia o significado de sua sentença, condição essencial para sua execução.
Um juiz federal ordenou a suspensão da execução na segunda-feira a pedido da defesa, mas o Departamento de Justiça apelou da decisão e um tribunal de apelação anulou a decisão na terça-feira.
A Suprema Corte dos Estados Unidos, perante a qual dois recursos diferentes foram apresentados, deu razão em ambos os casos aos advogados da administração Trump.
Em 2004, Montgomery, incapaz de ter um novo filho, identificou sua vítima - uma criadora de cães - na internet e foi até sua casa no Missouri com a desculpa de comprar um terrier. Em vez disso, ela a estrangulou, abriu seu útero, pegou o bebê - que sobreviveu - e deixou o jovem de 23 anos em uma poça de sangue.
Trump, um defensor ferrenho da pena de morte, ignorou uma petição de clemência apresentada por apoiadores de Montgomery.
Desde a retomada, em julho, das execuções federais nos Estados Unidos, após um hiato de 17 anos, 10 homens receberam a pena de morte.
E além de Montgomery, o governo Trump planeja executar dois afro-americanos esta semana: Corey Johnson na quinta-feira e Dustin Higgs na sexta.
Mas, nesses casos, há incerteza após a decisão de um tribunal federal de bloquear suas execuções. Os dois condenados à morte contraíram recentemente covid-19 e a injeção letal poderia lhes causar sofrimento ilegal, consideraram os juízes.
Ex-agentes penitenciários de Terre Haute, por sua vez, escreveram ao secretário de Justiça interino, Jeffrey Rosen, pedindo-lhe que adiasse essas execuções "até que os funcionários da prisão sejam vacinados contra a covid-19".
Uma execução exige que dezenas de pessoas permaneçam em um ambiente fechado, um ambiente propício à disseminação do vírus. Por esse motivo, os estados suspenderam as execuções por meses.
A postura do governo Trump vai no sentido contrário, desejando prosseguir com as execuções o mais rápido possível antes de deixar o poder.
"Nas últimas horas da presidência de Trump, há uma corrida para executar pessoas que estão no corredor da morte há anos ou mesmo décadas. É uma loucura", denunciou o senador democrata Dick Durbin na rádio NPR na segunda-feira.