Abu Bakr al-Baghdadi: morte do líder do EI foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (afp/AFP)
Reuters
Publicado em 29 de outubro de 2019 às 15h08.
Cairo — Os apoiadores do Estado Islâmico responderam com silêncio e descrença dias após a morte de seu líder Abu Bakr al-Baghdadi, sugerindo um colapso na estrutura de comando do grupo militante sunita tentando chegar a um acordo sobre um sucessor.
Não há nenhuma declaração oficial ou luto sobre Baghdadi no canal oficial do Estado Islâmico no aplicativo Telegram desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no domingo seu assassinato nas mãos de forças de operações especiais no noroeste da Síria.
O perfil oficial da agência de notícias do grupo, a Amaq, no Telegram continua operando normalmente, divulgando desde domingo mais de 30 reivindicações de ataques na Síria, Egito, Afeganistão e Iraque, elogiando seus combatentes.
Também houve menos conversas entre os apoiadores jihadistas nas mídias sociais em comparação com a morte do líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, em 2011 e de outros líderes militantes.
Analistas disseram que o que sobrou da liderança do Estado Islâmico estava em estado de choque, provavelmente tentando manter o grupo unido e concordar com um sucessor antes de confirmar o assassinato de Baghdadi.
"Provavelmente há agora um caos dentro do que resta da liderança. Assessores importantes foram mortos e documentos destruídos", disse Hisham al-Hashimi, especialista iraquiano em grupos militantes.
"Eles vão querer concordar com um sucessor antes de anunciar a morte", disse ele, acrescentando que uma divisão do grupo pode atrasar isso.
O grupo também pode precisar mudar seu nome, já que o uso do califado islâmico declarado de Baghdadi não era mais apropriado, pois perdeu as áreas do Iraque, Síria e Líbia que seus combatentes costumavam controlar até 2017, disseram analistas.
Muitos dos seguidores de Baghdadi também foram mortos, disse Trump no domingo.
Na terça-feira, ele escreveu no Twitter que os militares dos EUA provavelmente mataram a pessoa que provavelmente sucederia a Baghdadi como líder do Estado Islâmico.
Trump não especificou a quem ele estava se referindo, mas um funcionário do Departamento de Estado confirmou na segunda-feira a morte de Abu al-Hassan al-Muhajir, porta-voz do Estado Islâmico e uma figura de alto escalão do EI, em uma operação separada da que matou Baghdadi.
A Al Qaeda, outro grupo militante sunita e responsável pelos ataques de 11 de Setembro de 2001 nos Estados Unidos, também adotou a mesma estratégia, levando vários dias para confirmar o assassinato de Osama bin Laden em um ataque dos EUA, disse Aymenn al-Tamimi, um pesquisador da Universidade de Swansea focado no Estado Islâmico.
Cerca de seis semanas se passaram antes que o grupo anunciasse um sucessor para Bin Laden.
"O Estado Islâmico pode anunciar a morte em seu boletim de notícias semanal, que pode sair na quinta-feira se eles concordarem com um sucessor", disse Tamimi.
Ele disse que Hajj Abdullah, um dos vices de Baghdadi, era seu provável sucessor, desde que ele ainda esteja vivo.
Houve relatos conflitantes antes sobre se Baghdadi ainda estava vivo depois que o Estado Islâmico perdeu seu último território significativo na Síria em março, recorrendo desde então a táticas de guerrilha.
Sua última mensagem de áudio foi em setembro.