Andrés Manuel López Obrador: ''Tenho elementos para dizer que na campanha de Peña Nieto foi usado dinheiro de procedência ilícita'' (Alfredo Estrella/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2012 às 19h21.
México - A esquerda mexicana acusou nesta quarta-feira o Partido Revolucionário Institucional (PRI) de usar supostamente ''dinheiro de procedência ilícita'' para financiar sua última campanha eleitoral e disse que esse seria um motivo suficiente para invalidar a votação.
''Tenho elementos para dizer que na campanha de (Enrique) Peña Nieto (candidato presidencial do PRI) foi usado dinheiro de procedência ilícita (...). Seria muito grave se isso não fosse esclarecido'', afirmou o líder da esquerda, Andrés Manuel López Obrador.
Na entrevista coletiva de López Obrador foi apresentada uma série de dados e documentos sobre o que classificaram como uma ''triangulação'' de empresas e transferências de fundos que vincula várias companhias a uma pessoa física.
O advogado Jaime Cárdenas, da equipe legal de López Obrador, disse que ''presumivelmente'' esses valores transferidos procedem de recursos públicos de governos regionais ''ou do crime organizado'', sem apresentar provas a respeito.
Cárdenas e López Obrador explicaram que o ''emaranhado'' de empresas, algumas delas com endereço comercial falso, está ligado ao banco local Monex, que teria entregado cartões pré-pagos de uma rede de supermercado a operadores políticos do PRI durante a campanha eleitoral.
O Partido Ação Nacional (PAN), da situação, também havia denunciado o uso desses cartões do Monex pela da campanha de Peña Nieto, para pagar operadores políticos, mas, ao contrário da esquerda, não pediu a invalidação das eleições.
Segundo os dados apresentados por Cárdenas, os fundos transferidos e com origem suspeita podem chegar a 108 milhões de pesos (R$ 27,6 milhões), mas o advogado disse que a esquerda só estava denunciando ''a ponta do iceberg''.
A denúncia será apresentada às autoridades eleitorais e perante o Tribunal Eleitoral, que se encarregou de validar os resultados das últimas eleições, a fim de que a considere antes de pronunciar-se sobre a transparência da votação.
López Obrador assegurou que essas supostas manobras devem levar a anular as eleições presidenciais porque irem contra a Constituição, ''que estabelece que as eleições devem ser livres e autênticas''.
Tanto Cárdenas como López Obrador insistiram que a Justiça precisa investigar as denúncias e, se isso não acontecer, a esquerda procederá judicialmente contra ''as autoridades responsáveis''.
A entrevista coletiva estava convocada para divulgar um ''plano para a defesa da democracia'' que López Obrador tinha anunciado anteriormente, mas adiou até a próxima sexta-feira ao considerar que a denúncia de hoje é ''grave''.
Cárdenas apontou as empresas de nome Inizzio, Atama, Koleos, Tiguan e Efra, algumas delas com sociedade, além de Rodrigo Fernández Noriega (pessoa física).
O advogado da equipe de López Obrador apresentou documentos de fundação de algumas delas, com datas e sócios coincidentes em alguns casos, e insistiu que a verba que o PRI utilizou para financiar sua campanha representaria 12 vezes mais os limites máximos fixados pelas leis eleitorais.