Mundo

Esquerda está à frente na Câmara, e direita no Senado

De acordo com as primeiras projeções reais, é a coalizão de direita de Berlusconi que está na liderança pelo Senado


	Eleições italianas: a Bolsa de Valores de Milão caiu no vermelho (-0,10%), imediatamente após a publicação das projeções favoráveis à direita no Senado.
 (Yara Nardi/Reuters)

Eleições italianas: a Bolsa de Valores de Milão caiu no vermelho (-0,10%), imediatamente após a publicação das projeções favoráveis à direita no Senado. (Yara Nardi/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2013 às 15h18.

Roma - A coalizão de esquerda italiana aparece com ampla vantagem nas eleições legislativas, mas a direita do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi pode conquistar o Senado, alimentando os temores de instabilidade no futuro governo.

Na Câmara, a coalizão de esquerda liderada por Pier Luigi Bersani, líder do Partido Democrata (PD), aparece com 34,5% dos votos, contra 29% da coalizão de direita de Silvio Berlusconi, segundo as pesquisas de boca de urna divulgadas pelo canal Sky Tg24.

Segundo projeções desse canal, a esquerda também conquistaria a maioria no Senado com 163 assentos, cinco a mais do que os 158 necessários.

Mas, de acordo com as primeiras projeções reais, é a coalizão de direita de Berlusconi que está na liderança pelo Senado, o inverso aos resultados da boca de urna.

Segundo o Institut Tecne, em pesquisa para o canal Sky, a direita teria 31,9% e a esquerda de Bersani 28,7%. O Institut Piepoli, para a RAI, contabiliza 31% à direita contra 29,5% à esquerda.

Uma liderança em votos que não se traduz automaticamente em maioria de assentos (a maioria absoluta é de 158 cadeiras), porque o sistema eleitoral do Senado, muito complexo, dá uma vantagem majoritária a nível regional. Por exemplo, os resultados da Lombardia, região mais rica e populosa, devem pesar muito na balança.

A perspectiva de maiorias opostas na Câmara e no Senado alimentam os temores dos mercados financeiros, que receiam mais do que qualquer coisa a instabilidade governamental na terceira maior economia da zona do euro, em recessão e atormentada com a enorme dívida (mais de 120% do PIB).


A Bolsa de Valores de Milão caiu no vermelho (-0,10%), imediatamente após a publicação das projeções favoráveis à direita no Senado, que vieram contradizer as primeiras pesquisas que davam vitória para a esquerda nas duas câmaras.

As pesquisas e projeções também indicam uma onda de votos de protesto: o partido do ex-comediante Beppe Grillo, o Movimento Cinco Estrelas (M5S), conquistará quase 20% dos votos na Câmara, o que lhe fará a terceira força política da Itália.

A coalizão centrista liderada pelo atual primeiro-ministro Mario Monti vem na 4ª posição, com quase 10% dos votos.

Depois de votar pela manhã nesta segunda-feira, cercado por uma multidão de jornalistas, Berlusconi declarou "a história vai mudar um pouco, vamos ver como".

Catalisador da agitação social de um país em plena recessão econômica (-2,2% em 2012), ele seduz para além da divisão esquerda-direita com um programa considerado "populista" por seus adversários: fim do financiamento público dos partidos políticos, cortes no número de funcionários eleitos, salário mínimo de 1.000 euros e um referendo sobre o euro.

A crise e a austeridade imposta nos últimos 15 meses pelo governo técnico de Mario Monti também têm pesado nesta eleição.


Berlusconi, deixou o poder vaiado em novembro de 2011 com uma Itália à beira da asfixia financeira, fez um retorno espetacular prometendo baixar os impostos e ainda suspender um imposto sobre a propriedade recuperado pelo Governo Monti.

Quanto ao "Professor", que possuía uma forte popularidade por restaurar a credibilidade da Itália, sofreu os efeitos das medidas de austeridade.

Em relação à taxa de participação, que equivaleria a 75,41% dos votos na Câmara dos Deputados e 74% do Senado, de acordo com os últimos dados disponíveis, em baixa em relação as eleições de 2008.

Paralelamente às eleições nacionais, a esquerda poderia ganhar as eleições parciais que acontecem em três regiões do país, principalmente em Lazio, onde a esquerda está bem à frente com 52% a 54% em relação ao candidato da direita creditado com 28% a 30%.

No total, mais de 47 milhões de italianos foram chamados às urnas.

Acompanhe tudo sobre:PersonalidadesPolíticosPaíses ricosEuropaItáliaPiigsEleiçõesSilvio Berlusconi

Mais de Mundo

EUA impõe sanções aos maiores produtores de petróleo da Rússia

Portugal anuncia suspensão de emissão de vistos de procura de trabalho

China inicia formulação do 15º Plano Quinquenal para definir metas de 2026 a 2030

Pela primeira vez, há registro de mosquitos na Islândia; entenda