Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, no final de uma conferência em Berlim: "já não estamos na Guerra Fria", afirmou porta-voz alemão (Kevin Lamarque/Reuters)
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2013 às 10h00.
Berlim - O governo alemão expressou nesta segunda-feira sua "estranheza" com as informações divulgadas de que os Estados Unidos espionaram a União Europeia (UE) e especialmente a Alemanha e disse que tais práticas são "inaceitáveis" entre "parceiros e aliados".
"As informações jornalísticas não são fatos, é preciso comprová-las", afirmou o porta-voz governamental, Steffen Seibert. No entanto, o funcionário disse que a espionagem é uma prática "inaceitável".
Segundo o porta-voz, o governo de Angela Merkel já transmitiu sua inquietação à Casa Branca e levou "muito a sério" as informações publicadas pela revista "Der Spiegel", segundo as quais a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA controla 500 milhões de conversas mensais na Alemanha ao considerá-la "objetivo prioritário" de sua espionagem.
"Já não estamos na Guerra Fria", acrescentou Seibert, que exigiu um completo esclarecimento sobre o assunto.
Seibert lembrou que na recente visita do presidente Barack Obama a Berlim, Merkel defendeu "um equilíbrio" entre a segurança nacional e a privacidade na internet, em referências às primeiras revelações sobre as atividades da NSA.
Segundo o último número da "Der Spiegel", a NSA vem registrando, controlando e armazenando conversas telefônicas, correios eletrônicos e outras comunicações da UE.
Além disso, a publicação, que utiliza como fontes documentos coletados pelo ex-colaborador dos serviços secretos americanos, Edward Snowden, denuncia uma espionagem em massa na Alemanha, incluído dos membros do governo e da chancelaria.
A oposição social-democrata e verde pediu ontem a Merkel que a governante exija explicações de Washington sobre o ocorrido.
Até a reação de Seibert, a única declaração sobre o assunto por parte do governo de Berlim tinha sido da ministra da Justiça, Sabine Leutheussen-Scharrenberger, que classificou a espionagem como uma prática da Guerra Fria e entre blocos inimigos.