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Especialista defende rede de monitoramento para conter avanço do mar

Prefossor da UFRJ defende instalação imediata da rede, já que primeiros resultados só aparecem depois de décadas

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Rio de Janeiro - A criação de uma rede de monitoramento contínuo do mar, que envolve marés fora da baía, mudanças de direção de ondas e tempestades, pode ser um elemento preventivo à elevação do nível das águas dos oceanos, em função do aquecimento global. A tese é defendida pelo pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dieter Muehe.

O professor é um dos palestrantes do seminário Aquecimento Global e seus Impactos no Rio de Janeiro com a Elevação do Nível do Mar, que o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci/RJ) promove na terça-feira (31). O encontro faz parte do Movimento Ação e Cidadania, cujo tema central é a Sustentabilidade e o Mercado Imobiliário.

Ele explicou à Agência Brasil que o monitoramento deve começar a ser feito de maneira imediata, uma vez que os resultados são observados somente após algumas décadas. Imagens de satélites, embora caras, podem facilitar esse monitoramento, de acordo com o especialista em vulnerabilidade costeira.

A partir dessa rede de monitoramento, poderão ser elaboradas políticas públicas para prevenir ou, pelo menos, minimizar os problemas decorrentes do aquecimento global. "Políticas públicas só vão ter respaldo a partir de informações."

Na avaliação do especialista o risco é maior quanto às enchentes. "Tem que ter uma política pública no sentido de prevenir inundações e identificar quais seriam as áreas em que se poderia permitir ou não a expansão. Esse é um ponto importante para o futuro da ocupação das regiões, principalmente de baixadas."

O problema mais imediato da elevação do nível do mar é a erosão nas praias, que podem perder areia. Isso ocorre em especial com as praias urbanas. "As praias urbanas são um problema por causa dos muros. E a linha de costa não consegue se adaptar à nova posição. Você acabaria erodindo as pistas de rolamento e teria que fazer ou obra dura, que é menos favorável, ou então aterro artificial de praias, como já se fez em Copacabana, Flamengo e Leblon", expôs.

Dieter Muehe esclareceu, contudo, que em cidades onde se paga impostos mais elevados, poderia ser criado um fundo para que não faltem recursos quando for necessário. "Tem que recuperar a areia que foi perdida. E, em alguns lugares, esse aterro teria que ser feito com urgência, até anualmente". O benefício compensaria, segundo ele, os gastos que fossem efetuados.

Muehe defendeu, também, a criação de uma agência reguladora que centralize esses estudos e seja capaz de interpretar os dados medidos, de forma que o trabalho tenha garantia de continuidade.

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