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Espanha: após vitória da esquerda, hora de negociar

O PSOE, de centro-esquerda, garantiu a reeleição e 38 novas cadeiras no Parlamento, mas precisará negociar coalizão para governar

Pedro Sánchez: líder do PSOE, partido de centro-esquerda, precisará se unir a partidos minoritários (Jon Nazca/Reuters)

Pedro Sánchez: líder do PSOE, partido de centro-esquerda, precisará se unir a partidos minoritários (Jon Nazca/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 29 de abril de 2019 às 07h05.

Última atualização em 29 de abril de 2019 às 12h31.

O vencedor das eleições da Espanha deste domingo 28, o partido socialista PSOE, mal terá tempo de comemorar. Apesar de o partido ter sido o mais votado e conseguir 35% das cadeiras no Parlamento, a semana será de negociação para formar uma coalizão capaz de governar o país.

O resultado deu a reeleição para o atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, líder do PSOE e que está no cargo desde 2018. O partido conseguiu 123 cadeiras (38 a mais do que tinha antes), mas, ainda assim, precisará de 176 para formar maioria, uma vez que o Parlamento espanhol tem 350 assentos. O segundo partido mais votado foi o PP, de centro-direita e rival histórico do PSOE, que ficou com 66 cadeiras. Em seguida vieram os novatos Ciudadanos (57 cadeiras), de centro (e com guinada recente à direita), Podemos (42 cadeiras), de esquerda, e o estreante Vox (24 cadeiras), de extrema-direita e que chega ao parlamento pela primeira vez desde sua fundação, em 2013.

O nascimento do Vox vem na linha de outros movimentos de extrema-direita na Europa e no mundo, como a Frente Nacional de Marine Le Pen na França ou a AfD na Alemanha, pautados em nacionalismo e um sentimento anti-Europa e anti-imigração. Mas apesar da chegada do Vox ao parlamento, o resultado na Espanha foi considerado uma vitória na disputa contra a extrema-direita, com o PSOE ganhando 38 cadeiras a mais e o Vox tendo participação menor que partidos análogos no resto da Europa. “Mandamos um recado à Europa e ao resto do mundo. É possível derrotar o autoritarismo e a ‘involução’”, afirmou Sánchez em seu discurso de vitória.

Sánchez assumiu o poder no ano passado após o então premiê Mariano Rajoy, do PP, ser afastado pelo parlamento por envolvimento de seu partido em escândalos de corrupção. Como Rajoy comprovou, formar uma coalizão não vem sendo fácil para os premiês espanhóis, retrato da fragmentação recente no sistema partidário do país. O PP e o PSOE se revezavam no poder desde o fim da ditadura franquista na década de 1970, mas viram a hegemonia desse sistema bipartidário ruir com a crise.

Agora, o PSOE deve formar uma coalizão de esquerda com o Podemos, mas, ainda assim, faltarão cerca de 11 cadeiras para obter maioria. A aposta é nos partidos menores e nacionalistas, como os bascos e catalães. Ironicamente, veio justamente deles a rejeição ao orçamento de Sánchez neste ano (em represália a uma negativa aos seus desejos de autodeterminação), o que levou o premiê a convocar novas eleições.

Ao adiantar as eleições, Sánchez apostou que conseguiria formar um governo com base maior – o que de fato conseguiu com as novas cadeiras do PSOE. Agora, a torcida no resto da Europa é para que a Espanha, que já teve três eleições desde 2015, consiga um governo minimamente estável.

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