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Espanha adota orçamento austero sob pressão

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota da dívida espanhola, após a S&P e a Fitch terem feito o mesmo há meses

A ministra das Finanças da Espanha, Elena Salgado, ao lado do secretário de Estado para a Economia, Jose Manuel Campa, e para as Finanças, Carlos Ocana Perez, na apresentação ao Parlamento do orçamento (Dominique Faget/AFP)

A ministra das Finanças da Espanha, Elena Salgado, ao lado do secretário de Estado para a Economia, Jose Manuel Campa, e para as Finanças, Carlos Ocana Perez, na apresentação ao Parlamento do orçamento (Dominique Faget/AFP)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2010 às 14h46.

Madri - O governo socialista espanhol apresentou nesta quinta-feira ao Parlamento o seu orçamento para 2011, marcado pela austeridade, após uma semana em que enfrentou uma greve geral e a degradação da nota de sua dívida pela agência Moody's.

A agência de classificação financeira Moody's anunciou nas primeiras horas do dia que tinha rebaixado em um grau a nota da dívida em longo prazo da Espanha, de "Aaa" (seu nível máximo) para "Aa1", devido à "deterioração considerável da solidez financeira do governo" deste país.

Os mercados esperavam há vários dias uma sanção desse tipo, já que nesta quinta-feira vencia o prazo de advertência de três meses dado pela Moody's.

As outras duas agências de classificação financeira, Standard & Poor's e Fitch, já haviam rebaixado a nota da Espanha em janeiro e em maio, respectivamente.

A Moody's também leva em consideração a crescente dependência que a Espanha tem dos mercados, no momento em que estes poderão enfrentar novas fases de instabilidade, e não descarta uma nova revisão para baixo das perspectivas da evolução da dívida.

No entanto, a aprovação na sexta-feira passada pelo Conselho de Ministros de um projeto de orçamento austero para 2011 levou a Moody's a ser menos severa.

"A determinação do governo (de José Luis Rodríguez Zapatero) de reduzir o déficit fiscal que levou a Moody's a rebaixar a classificação da Espanha em apenas um grau e manter a perspectiva estável", explicou Kathrin Muehlbronner, analista-chefe da Moody's para a Espanha.

O orçamento, que foi apresentado nesta quinta-feira no Congresso é "o mais austero dos últimos anos", advertiu a ministra da Economia, Elena Salgado.


O maior objetivo é reduzir o déficit público, que chegou a 11,1% em 2009: a Espanha quer limitá-lo a 9,3% em 2010, a 6% em 2011 e a 3% em 2013, limite fixado pela zona do euro.

Para atingir esse objetivo, o orçamento prevê uma redução de 16% dos gastos nos ministérios e de 7,9% dos gastos do Estado, fora os gastos financeiros.

Também haverá um aumento dos impostos sobre as rendas mais elevadas.

Segundo a ministra, este orçamento "é a única forma de proteger o país de uma situação ainda volátil nos mercados financeiros".

"Os resultados que obtivemos nestes meses indicam que estamos no caminho correto", assegurou sobre os ajustes feitos nos últimos meses.

Os socialistas --que possuem uma maioria relativa na câmara-- estão quase seguros de que conseguirão uma aprovação do projeto de orçamento depois de terem chegado a um acordo na semana passada com o Partido Nacionalista Basco (PNB).

Mas este rigor, aplaudido pelos mercados, causa um grande descontentamento nos sindicatos, que organizaram na quarta-feira uma greve geral, a primeira da era Zapatero.

Dezenas de manifestações, rede de transportes tumultuada e montadoras de automóveis totalmente paradas caracterizaram a jornada de greve, um "êxito democrático" para os sindicatos, embora "de adesão desigual e com efeito moderado", segundo o governo.

Grande parte da imprensa espanhola questionava nesta quinta-feira o êxito da paralisação, que foi um "fracasso geral" segundo o conservador El Mundo e que teve "um impacto moderado" para o jornal de centro-esquerda El País.

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