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Esforço contra vazamentos alimenta paranoia no governo Trump

Segundo fontes próximas ao assunto, o secretário do Tesouro do presidente dos EUA, Steven Mnuchin, afirmou que não vai tolerar vazamentos à mídia

Steven Mnuchin: acesso a um sistema de computador confidencial da Casa Branca foi restringido por indicados políticos (Kevin Lamarque/Reuters)

Steven Mnuchin: acesso a um sistema de computador confidencial da Casa Branca foi restringido por indicados políticos (Kevin Lamarque/Reuters)

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Reuters

Publicado em 3 de março de 2017 às 09h18.

Washington - Steven Mnuchin, secretário do Tesouro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aproveitou sua primeira reunião com a cúpula do governo no mês passado para dizer a seus assessores que não irá tolerar vazamentos à mídia, disseram fontes a par do assunto.

Autoridades presentes e passadas disseram que, rompendo com a praxe, o acesso a um sistema de computador confidencial da Casa Branca foi restringido por indicados políticos para evitar que funcionários de carreira vejam memorandos sendo preparados para o novo presidente.

No Departamento de Segurança Interna, algumas autoridades disseram à Reuters que temem existir uma caça às bruxas em curso para detectar o vazador de um esboço do relatório de inteligência que mostrou poucas evidências de que cidadãos de sete países de maioria muçulmana que foram alvo de um decreto presidencial de Trump --posteriormente derrubado na Justiça-- representem uma ameaça aos EUA.

Tal rigor está alimentando a paranoia entre os servidores públicos de Washington, segundo os quais as restrições parecem concebidas para tentar limitar o fluxo de informações dentro e fora do governo e impedir que autoridades conversem com a mídia sobre tópicos que poderia resultar em notícias negativas.

Algumas reportagens sobre a disfunção governamental enfureceram Trump ao longo de suas poucas semanas no cargo. Ele descreveu veículos de imprensa como "mentirosos", "corruptos", "falhos" e "o inimigo do povo americano".

Em uma coletiva de imprensa de 16 de fevereiro, Trump disse "os vazamentos são absolutamente reais, a notícia é falsa" e pediu ao Departamento de Justiça para analisar os vazamentos de "informações confidenciais que foram dadas ilegalmente" a jornalistas tratando do relacionamento de seus assessores com a Rússia.

Várias autoridades de agências diferentes que falaram à Reuters sob condição de anonimato contaram que alguns empregados temem que seus telefonemas e emails possam ser monitorados e que relutam em dizer o que pensam durante discussões internas.

Além disso, as fontes dizem que os limites impostos ao fluxo de informações pegaram alguns integrantes do gabinete de surpresa em questões importantes e criaram incertezas em governos estrangeiros a respeito das políticas norte-americanas.

Naquele que pode ser o esforço mais visível para conter os vazamentos, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, exigiu que alguns assessores entregassem seus celulares para que se verificasse ligações ou mensagens de texto a repórteres, relatou o site Politico no domingo - mas a notícia sobre a inspeção logo vazou.

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