Odebrecht: atualmente há 17 acusados no Panamá, entre eles os filhos de Martinelli, sobre os quais pesa uma ordem de prisão da Interpol (Janine Costa/Reuters)
AFP
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 22h30.
Procuradores e policiais panamenhos fizeram buscas nesta quinta-feira em vários escritórios dos filhos do ex-presidente Ricardo Martinelli e de uma advogada próxima à sua família, no âmbito da investigação sobre o pagamento de propinas da empreiteira Odebrecht.
"O que se está revistando é o escritório da advogada Evelyn Vargas, localizado na Importadora Ricamar (propriedade do ex-presidente), e também os escritórios dos filhos de Martinelli", Ricardo Alberto e Luis Enrique, declarou à AFP Rogelio Cruz, advogado do ex-presidente.
Na quarta-feira, a advogada panamenha Vargas, vinculada à família Martinelli, foi detida de maneira preventiva depois de prestar depoimento na Procuradoria Especial Anticorrupção pelo escândalo da Odebrecht.
Cruz indicou que as buscas estariam relacionadas com as declarações de Vargas à procuradoria.
Martinelli afirmou no Twitter que seus filhos "não vivem no Panamá há anos", e qualificou os fatos de "um super show carnavalesco para desviar a atenção" por parte do atual governo de Juan Carlos Varela.
O ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), que mora em Miami, é requerido pela justiça panamenha, que o acusa de espionar opositores, e é investigado por inúmeros casos de corrupção durante seu governo.
Vargas, sobre quem pesava um alerta vermelho de detenção da Interpol, chegou na quarta-feira ao Panamá procedente do México, depois que a polícia internacional coordenou seu regresso ao tomar conhecimento do interesse da advogada em colaborar com a Justiça.
A advogada é acusada de lavagem de dinheiro por estar supostamente relacionada com várias empresas nas quais os filhos de Martinelli teriam recebido possíveis propinas da Odebrecht.
Vargas "é uma simples empregada da importadora Ricamar", disse seu advogado, René Rodríguez.
Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a Odebrecht pagou no Panamá, entre 2010 e 2014, mais de 59 milhões de dólares em propinas.
Atualmente há 17 acusados no Panamá, entre eles os filhos de Martinelli, sobre os quais pesa uma ordem de prisão da Interpol por suspeita de terem recebido mais de 20 milhões de euros em propinas.
No entanto, os irmãos Martinelli se desvincularam dias atrás, em Miami, das sociedades apontadas para a cobrança das comissões.
"Neste caso não existe delito de lavagem de dinheiro, e isso será demonstrado", disse Cruz.