Manifestante segura um aparato de espionagem falso durante protesto contra a Agência Nacional de Segurança dos EUA, em Frankfurt (Kai Pfaffenbach/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 11h05.
Brasília - Mais de 560 escritores de 81 países, cinco deles ganhadores do Prêmio Nobel da Literatura, condenaram a espionagem em massa na internet e pediram às Nações Unidas (ONU) a adoção de uma convenção sobre o tema em um manifesto publicado hoje (10).
Os autores do documento fazem um apelo à organização para que o reconhecimento da proteção dos direitos civis na internet seja uma prioridade.
“Alertamos para uma nova forma de repressão que não consiste em baterem à nossa porta e nos levarem algemados, mas na espionagem da nossa esfera mais privada”, disse o líder do manifesto Escritores contra a Vigilância em Massa (Writers Against Mass Surveillance, em inglês), o búlgaro Iliya Troyanov.
O texto é subscrito por 562 autores, entre os quais os ganhadores do Nobel Orhan Pamuk, J.M. Coetzee, Elfriede Jelinek, Gunter Grass e Thomas Transtroemer. Umberto Eco, David Maluf, Don DeLillo, Richard Ford, David Grossman, Arundhati Roy e José Eduardo Agualusa são outros dos escritores que assinam o manifesto.
“Com alguns cliques de um mouse, o Estado pode ter acesso aos seus computadores, aos seus e-mails, aos perfis nas redes sociais e aos sistemas de busca na internet. Uma pessoa que é espionada já não é livre. Uma sociedade que é espionada já não é uma democracia", explicam os signatários.
Para eles, a espionagem em massa considera todo o cidadão um suspeito potencial, o que contradiz a presunção da inocência.
O manifesto dos escritores foi publicado gratuitamente nesta terça-feira por 30 jornais de 30 países. Nenhuma das publicações, no entanto, o correu nos Estados Unidos – país que mais pratica espionagem, de acordo com o ex-consultor contratado para prestar serviços à Agência de Segurança Nacional (NSA), Edward Snowden.
O documento dos autores foi divulgado um dia depois do apelo lançado por oito empresas da internet – entre as quais Facebook, Twitter, Google, Apple e Microsoft – ao presidente norte-americano, Barack Obama para que as práticas de vigilância do país sejam reguladas.
Com a publicação do manifesto, aberto à adesão, os escritores pretendem, segundo Troyanov, romper o pessimismo e a resignação que fez com que, até agora, a opinião pública não tenha reagido de maneira mais contundente às revelações sobre espionagem em massa.