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Escassez energética muda turnos e férias nas empresas do Japão

Algumas das propostas envolvem madrugar mais, ampliar férias de verão e reduzir o uso do ar condicionado

Tóquio: demanda excessiva de energia poderia gerar blecautes maciços (Getty Images)

Tóquio: demanda excessiva de energia poderia gerar blecautes maciços (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de abril de 2011 às 11h18.

Tóquio - Madrugar mais, ampliar as férias de verão e reduzir o ar condicionado são algumas propostas das grandes empresas do Japão para, no meio da crise nuclear, enfrentar a escassez energética durante os meses de maior calor.

O terremoto e tsunami de 11 de março causaram graves danos à planta de Fukushima Daiichi e paralisaram outras usinas nucleares e térmicas que geram eletricidade para os mais de 30 milhões de habitantes da área metropolitana de Tóquio e áreas contíguas.

Por causa dos problemas nas plantas cresce o temor de uma grave escassez de até 12 milhões de quilowatts nos quentes e úmidos meses de julho, agosto e setembro, época em que o consumo energético atinge o pico.

Nas circunstâncias atuais, uma demanda excessiva poderia gerar blecautes maciços, o que representaria um sério revés à terceira economia mundial, já abalada pela catástrofe com danos estimados em 200 bilhões de euros.

Por esse motivo, o Governo insiste na necessidade de economizar eletricidade: às grandes corporações pediu redução no consumo em torno de 25%, às pequenas empresas 20% e aos lares 15% nos meses estivais.

O pedido ainda não é oficial, mas muitas das grandes empresas japonesas já traçam estratégias de economia. Cogitam desde diminuir o número de dias trabalhados no verão até a mudança de horário e, inclusive, do estilo de vida de seus funcionários.

A Sony, por exemplo, pode solicitar aos colaboradores que antecipem seus despertadores para chegarem mais cedo às fábricas para aproveitar ao máximo a luz do sol no Japão, um país que mantém o mesmo horário durante o ano todo.

A empresa, que após o terremoto suspendeu temporariamente a produção em cinco de suas unidades pela falta de componentes, estuda dar duas semanas de férias de verão aos funcionários em troca de uma redução dos feriados ao longo do ano.


Por sua vez, a Toshiba também prevê dar mais dias livres no verão aos colaboradores, além da possibilidade de organizar turnos rotativos e horários diferenciados para equilibrar as horas de consumo.

O braço japonês da multinacional americana Hewlett Packard anunciou que otimizará os sistemas de ar condicionado em suas salas de servidores em todo o Japão, já que representam o principal foco de consumo energético da companhia.

Só com esta medida, a empresa prevê economizar entre 5% e 10% de eletricidade com relação ao verão passado, informou nesta quinta-feira o jornal econômico "Nikkei".

A gigante do setor automobilístico Toyota, outra das grandes afetadas pelas interrupções na cadeia de abastecimento após o terremoto, estuda escalonar sua produção para economizar energia e, inclusive, pediu a todos os fabricantes japoneses de motor que coordenem esforços neste sentido.

A empresa operadora da maltratada planta de Fukushima, TEPCO, aplicou cortes de luz rotativos em Tóquio e arredores nos dias posteriores ao terremoto, quando fez um chamado à economia de energia, o que a maioria dos japoneses atendeu com todo rigor.

Às iniciativas empresariais se somarão aos esforços das próprias famílias japoneses. Os analistas lembram a estas que uma diferença de só um grau no ar condicionado pode levar a uma economia de até 10%.

Também cresceram as vendas de lâmpadas de baixo consumo, segundo fontes do setor, e, no meio do debate sobre a energia nuclear, aumentaram de forma considerável os preços dos metais raros utilizados em energias alternativas.

Conforme o jornal "Nikkei", os preços do gálio e do índio, dois elementos utilizados nas placas fotovoltaicas, cresceram 50% com relação a dezembro, enquanto a de outros como o neodímio, usado para as turbinas eólicas, teve aumento de 30% só no último mês.

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