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Escassez de gasolina e eletricidade ameaça paralisar Nigéria

As grandes cidades do país, como Lagos e Abuja, amanheceram nos últimos dias com milhares de pessoas fazendo fila nos postos de gasolina


	Gasolina: na semana passada, trabalhadores do setor petrolífero, liderados pelas transportadoras, anunciaram uma greve indefinida
 (Jeff Pachoud/AFP)

Gasolina: na semana passada, trabalhadores do setor petrolífero, liderados pelas transportadoras, anunciaram uma greve indefinida (Jeff Pachoud/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2015 às 06h41.

Lagos - A poucos dias da posse do novo presidente, Muhammadu Buhari, a Nigéria está à beira do colapso total: a escassez de gasolina e a acentuada queda na geração de eletricidade ameaçam paralisar a economia e levar o país a uma situação caótica sem precedentes.

As grandes cidades do país, como Lagos e Abuja, amanheceram nos últimos dias com milhares de pessoas fazendo fila nos postos de gasolina para conseguir um pouco de combustível, sempre a um preço exagerado - pelo menos o triplo do normal - e sem nenhuma garantia de poder encher o tanque.

Na semana passada, trabalhadores do setor petrolífero, liderados pelas transportadoras, anunciaram uma greve indefinida pelas dívidas das grandes empresas importadoras de gasolina, que por sua vez paralisaram a provisão porque o governo nigeriano também lhes deve muito dinheiro.

Apesar de ser o maior produtor de petróleo da África com dois milhões de barris diários, a Nigéria tem que importar 70% da gasolina que consome porque as refinarias funcionam muito abaixo de sua capacidade e não podem atender à enorme demanda de combustível.

Para agravar mais a situação, a geração de eletricidade caiu a um nível mínimo histórico de 1.325 megawatts - semanas atrás estava em torno dos 4.000 MW - devido à sabotagem dos encanamentos de gás que alimentam as usinas elétricas de todo o país.

Enquanto isso, o governo em fim de mandato conta os dias que faltam para fazer a transferência de poderes - e problemas - a Muhammadu Buhari, cuja equipe já denunciou que nunca antes um presidente nigeriano tinha recebido um legado tão ruim.

"Não há eletricidade, nem gasolina; os trabalhadores estão em greve; devemos bilhões a funcionários estaduais e federais; temos uma dívida soberana de US$ 60 bilhões e a economia está paralisada", criticou em comunicado o partido de Buhari, Congresso de Todos os Progressistas (APC, na sigla em inglês).

As companhias aéreas cancelaram todos os seus voos, e as empresas de telecomunicações advertem que, se a situação não for solucionada em breve, terão que começar a fechar serviços.

Basicamente, todos os negócios e lares estão em risco de ficar às escuras, o que afetará serviços públicos básicos como a saúde.

Fontes ligadas ao APC disseram à Agência Efe que o caos dos últimos dias faz parte de uma estratégia premeditada para sabotar o novo governo, que tomará posse no próximo dia 29.

"(O Estado) deve 200 bilhões de nairas (US$ 1 bilhão) aos grandes importadores de combustível, que não confiam que o novo governo cumprirá os compromissos do anterior em um tema tão sensível como o subsídio para gasolina", destacou a mesma fonte.

O fato de que a escassez de gasolina tenha coincidido com a queda da geração de eletricidade também provocou todo tipo de suspeita entre os altos cargos do APC, que consideram que não pode ser uma casualidade.

Nos últimos anos, o governo do atual presidente, Goodluck Jonathan, gastou bilhões para pagar ex-milicianos do conflituoso Delta do Níger, onde estão todos os poços de petróleo e gás do país, para que protejam os encanamentos que os transportam.

"Onde estão todos esses milhões?", perguntavam membros do APC, lembrando que vários líderes das ex-milícias tinham ameaçado afundar o país no caos se Buhari vencesse as eleições presidenciais do dia 28 de março. EFE

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