Erupção vulcânica que provocou um tsunami em Tonga. 15/01/2022 (NATIONAL INSTITUTE OF INFORMATION AND COMMUNICATIONS (JAPAN)/AFP)
AFP
Publicado em 17 de janeiro de 2022 às 06h56.
Última atualização em 17 de janeiro de 2022 às 09h06.
Tonga estava praticamente isolada do resto do mundo, nesta segunda-feira (17), depois que a erupção de um vulcão submarino paralisou as comunicações nesta país insular do Pacífico.
Especialistas alertaram que a conexão com a internet pode permanecer cortada por várias semanas para as quase 100 mil pessoas que vivem no país.
A erupção há dois dias do vulcão Hunga Tonga-Hunga Haa'pai cobriu Tonga de cinzas, provocando um tsunami em todo o Pacífico que matou duas pessoas no Peru.
Os países vizinhos e as agências internacionais continuam avaliando a extensão dos danos. A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, declarou no domingo que são "significativos".
A Nova Zelândia e a Austrália enviaram nesta segunda aviões de reconhecimento para avaliar os danos e disponibilizaram aeronaves de transporte militar C-130 para transportar suprimentos ou pousar se as pistas forem consideradas operacionais.
Sabe-se que a explosão vulcânica de sábado afetou severamente a capital Nuku'alofa, coberta de cinzas, e cortou um cabo de comunicação subaquático, que pode levar duas semanas para ser restabelecido.
A erupção foi sentida até no Alasca, causando uma onda que atingiu as costas do Pacífico, do Japão aos Estados Unidos.
"Sabemos que água é uma necessidade imediata", disse Ardern a repórteres, explicando que a Nova Zelândia depende de telefones via satélite para se comunicar com o país.
Os voos de reconhecimento ajudarão a informar o governo tonganês sobre a extensão dos danos causados pelo vulcão e pelo tsunami e identificar as necessidades de ajuda, acrescentou Ardern.
A primeira-ministra, falando à embaixada da Nova Zelândia em Tonga, descreveu barcos e "grandes rochas" chegando à costa norte de Nuku'alofa.
O ministro da Defesa da Nova Zelândia explicou, por sua vez, que o país insular conseguiu restaurar a eletricidade em "grandes partes" da cidade.
Com as comunicações cortadas, os tonganeses fora do país tentam desesperadamente falar com seus entes queridos.
"Não consigo entrar em contato com minha família, não há comunicação", disse à AFP Filipo Motulalo, jornalista da Pacific Media Network.
"Nossa casa está entre aquelas próximas à área que já foi inundada, então não sabemos a extensão dos danos", disse.
Motulalo indicou que muitos tonganeses no exterior estão preocupados. "Acho que o pior é o apagão e o fato de não sabermos nada".
Muitos estão preocupados com os idosos enfrentando o ar cheio de poeira vulcânica.
O diretor da rede Southern Cross Cable Network, Dean Veverka, disse à AFP que a internet pode ficar inativa por duas semanas. "Estamos recebendo informações imprecisas, mas parece que o cabo foi cortado", declarou.
"O reparo pode levar até duas semanas", explicou. A Southern Cross está ajudando a Tonga Cable Limited, proprietária do cabo de 872 quilômetros que liga o país insular a Fiji e de lá ao resto do mundo.
Inicialmente, acreditou-se que a falta de sinal era devido a uma queda de energia após a erupção. Mas os testes subsequentes, uma vez que a fonte de alimentação foi restaurada, indicaram que era uma ruptura no cabo.
Tonga já esteve sem telecomunicações por duas semanas em 2019, quando a âncora de um navio cortou o cabo. Um pequeno serviço de satélite operado localmente foi então estabelecido para permitir um contato mínimo com o mundo exterior.