Mundo

Erro de ataque dos EUA em Cabul marca visita do Pentágono

Jim Mattis e Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, reafirmavam seu compromisso no Afeganistão

James Mattis: "Nós somos os mocinhos", declarou Mattis (Resolute Support Mission/Reuters)

James Mattis: "Nós somos os mocinhos", declarou Mattis (Resolute Support Mission/Reuters)

A

AFP

Publicado em 27 de setembro de 2017 às 21h05.

Um bombardeio americano em Cabul deixou "várias vítimas" civis na quarta-feira durante a visita do chefe do Pentágono e do secretário-geral da Otan, que foram reafirmar seu "compromisso" no Afeganistão contra o terrorismo.

As forças americanas intervieram em resposta a um ataque com foguetes e obuses de morteiro dos talibãs contra o aeroporto internacional de Cabul e contra um bairro residencial vizinho horas depois da chegada do secretário americano de Defesa, Jim Mattis, informaram os porta-vozes da operação 'Apoio Resoluto' da Otan em um comunicado.

"Infelizmente, um míssil funcionou mal e causou várias vítimas civis", informaram, sem detalhar se mencionaram mortos ou feridos.

Segundo a Otan, os atacantes também detonaram "seus coletes explosivos pondo em grande risco um grande número de civis", o que motivou sua intervenção "em apoio à força de reação rápida afegã".

Um balanço anterior do ministério do Interior dava conta de uma mulher morta e onze civis feridos, embora o balanço preciso continue incerto na noite de quarta-feira e poderia, segundo a imprensa local, ser muito mais grave.

Ao mesmo tempo, Jim Mattis e Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, reafirmavam seu compromisso no Afeganistão semanas depois de os Estados Unidos anunciarem que enviarão reforços.

"Nós somos os mocinhos", declarou Mattis à imprensa.

No âmbito da "nova estratégia" anunciada pelo presidente Donald Trump, 3.000 soldados se unirão aos 11.000 que os Estados Unidos têm atualmente no Afeganistão, cenário desde 2001 da guerra mais longa da história do país norte-americano.

Estes esforços, alguns dos quais já estão a caminho, "darão uma séria vantagem a tudo o que os talibãs possam tentar contra vossas forças" afegãs, assegurou Mattis ao presidente Ashraf Ghani.

Para o chefe do Pentágono, apelidado de "Mad Dog" ("Cachorro Louco") por suas façanhas militares, o lançamento de foguetes "contra qualquer aeroporto internacional é um crime contra inocentes, é como uma declaração de intenções dos talibãs sobre o que são".

Mattis assegurou que não permitirá que "os talibãs, o grupo Estado Islâmico e a rede Haqqani - um poderoso grupo rebelde instalado na fronteira com o Paquistão" se consolidem no país.

Mais de 15 países

"Quanto mais estável estiver o Afeganistão, mais seguros estaremos", afirmou Stoltenberg, lembrando que "15 países-membros da Otan já deram seu aval para enviar tropas adicionais".

Os Estados Unidos pediram à Otan que aumente os efetivos da operação Apoio Resoluto, que conta atualmente com cinco mil soldados.

"Agora que o general Mattis decidiu enviar mais homens, espero que os demais membros da Otan façam o mesmo", declarou Ghani.

Mas, apesar das "profundas desculpas" expressas pela Otan, que anunciou que abriria uma investigação, erros como o de quarta-feira, que costumam estar relacionados com os bombardeios aéreos das forças americanas, atiçam o rancor e a ira das populações locais frente às forças ocidentais.

Após ter hesitado por muito tempo, o presidente Donald Trump revelou no fim de agosto sua "nova estratégia" para apoiar o regime de Cabul ante os insurgentes islamitas, ao considerar que uma retirada de suas tropas criaria um "vácuo" que beneficiaria os "terroristas".

As forças afegãs cederam quase um terço do território aos talibãs e concentraram seus soldados em torno de grandes cidades para evitar que caiam em mãos de rebeldes islamitas.

Segundo um relatório americano, o exército afegão sofreu 7.000 baixas mortais e 12.000 feridos em 2016, cifra considerada insustentável por Washington.

A operação Apoio Resoluto se encarrega, sobretudo, de formar e assessorar as tropas locais, enquanto, em paralelo, os Estados Unidos bombardeiam posições dos talibãs.

O exército americano reconheceu recentemente que tem 11.000 homens no Afeganistão e não 8.400 como havia anunciado oficialmente.

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Exército

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia