Mundo

Erdogan conduz onda patriótica com repressão interna

O presidente Tayyip Erdogan, evocando as glórias do passado otomano da Turquia, promete eliminar inimigos no país e no exterior

Erdogan: a polícia prendeu nesta segunda-feira o editor e funcionários do jornal Cumhuriyet, um dos poucos ainda críticos a Erdogan (Eduardo Munoz / Reuters)

Erdogan: a polícia prendeu nesta segunda-feira o editor e funcionários do jornal Cumhuriyet, um dos poucos ainda críticos a Erdogan (Eduardo Munoz / Reuters)

R

Reuters

Publicado em 31 de outubro de 2016 às 22h03.

Istambul - Nos três meses e meio desde o golpe militar frustrado, a Turquia demitiu e suspendeu mais de 110 mil pessoas, lançou uma incursão militar na Síria e ameaçou repetidas vezes fazer o mesmo no Iraque.

Para os aplausos dos seus simpatizantes, o presidente Tayyip Erdogan, evocando as glórias do passado otomano da Turquia, promete eliminar inimigos no país e no exterior, dos seguidores do clérigo a quem ele culpa pela tentativa de golpe, aos militantes curdos e aos extremistas do Estado Islâmico.

A repressão interna sem precedentes e a sua atitude beligerante na cena mundial têm deixado alarmados o Ocidente e alguns aliados regionais, que temem que o país integrante da Otan e candidato à União Europeia esteja se tornando um parceiro ainda mais imprevisível, um sobre o qual eles teriam cada vez menos influência.

Na última operação, a polícia prendeu nesta segunda-feira o editor e funcionários do jornal Cumhuriyet, um dos poucos ainda críticos a Erdogan, por causa do seu suposto apoio ao golpe de julho.

Um importante político da União Europeia afirmou que com o ocorrido está se cruzando uma linha vermelha na ação contra a liberdade de expressão, enquanto o Departamento de Estado norte-americano manifestou profunda preocupação.

Erdogan está conduzindo uma onda de patriotismo, à medida que o AK, o partido do governo, busca uma mudança constitucional para transformar a Turquia num sistema presidencialista pleno, o que lhe daria maiores poderes executivos.

"O que está acontecendo domesticamente e em temos da política externa turca é uma tática política para manter sólida a aliança entre a base do AK e os nacionalistas", afirmou Sinan Ulgen, ex-diplomata turco e analista no Carnegie Europe.

"Essa aliança favorece políticas duras no tema curdo, parece ser favorável à retomada da pena de morte, e não podemos dizer que eles têm uma consideração muito alta pela preservação da liberdade de expressão e da mídia", disse ele à Reuters.

Não há nenhum sinal de alívio nas políticas turcas interna e externa, dada a necessidade de assegurar o apoio nacionalista para as mudanças constitucionais que Erdogan busca num referendo.

Acompanhe tudo sobre:Tayyip ErdoganTurquia

Mais de Mundo

Israel afirma que não busca 'escalada ampla' após ataque a Beirute

Domo de Ferro, Arrow, C-Dome e Patriot: Conheça os sistemas de defesa aérea utilizados por Israel

Smartphones podem explodir em série como os pagers no Líbano?

ONU diz que risco de desintegração do Estado de Direito na Venezuela é muito alto