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Equador escolhe novo presidente neste domingo em 2º turno acirrado

Pais vai às urnas neste domingo, 12, em disputa marcada pelo tema da violência

Luisa Gonzalez e Daniel Noboa, que disputam a presidência do Equador (AFP)

Luisa Gonzalez e Daniel Noboa, que disputam a presidência do Equador (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 13 de abril de 2025 às 06h00.

O presidente Daniel Noboa e a opositora de esquerda Luisa González disputarão um acirrado segundo turno das eleições presidenciais neste domingo (13) no Equador, um país endividado, dividido e imerso na violência do tráfico de drogas.

González, uma advogada de 47 anos, aspira a ser a primeira mulher eleita presidente nas urnas. Noboa, um empresário milionário de 37 anos, busca governar por mais quatro anos após vencer uma surpreendente eleição antecipada em 2023.

Os últimos anos têm sido brutais para esta nação de 18 milhões de pessoas. A violência causada pelo tráfico de drogas levou a um aumento no número de homicídios, ao assassinato de um candidato à presidência, à tomada de prisões por grupos criminosos e a um ataque armado a uma emissora televisiva enquanto seus jornalistas faziam uma transmissão ao vivo.

"Nos noticiários há sangue puro, tiros, sequestros, extorsionários. Não dá para viver assim e, ainda por cima, o que se ganha não é suficiente", disse à AFP Raquel García, de 23 anos, que não tem um emprego fixo.

Noboa e González terminaram o primeiro turno praticamente empatados, com uma diferença de 0,17% a favor da candidata de esquerda. No segundo turno, anaçistas e pesquisas apontam uma disputa voto a voto.

Isto "trouxe muita tensão, muito nervosismo para esse segundo turno", disse José Antonio de Gabriel, chefe-adjunto da missão de observação da União Europeia, à Teleamazonas. No primeiro turno, a denúncia de fraude, feita por Noboa, foi descartada pelas organizações internacionais.

Quase 13,7 milhões de habitantes estão convocados às urnas entre as 7h e 17h (9h e 19h em Brasília), no domingo.

Desemprego e pobreza

Dolarizado, com portos estratégicos no Pacífico e localizado entre os dois maiores produtores de cocaína do mundo - Colômbia e Peru - o Equador se tornou um paraíso do narcotráfico.

Noboa mantém os militares nas ruas desde 2024, sob uma declaração de conflito armado interno, mas a violência continua. Em janeiro e fevereiro, houve mais de 1.500 homicídios, o início de ano mais sangrento já registrado.

Após um recorde de 47 assassinatos por 100.000 pessoas em 2023, a taxa caiu para 38 em 2024. Apesar disso, o grupo especializado Insight Crime a considera a mais elevada da América Latina.

Os candidatos relatam ameaças e andam pelas ruas cercados de segurança pesada. Mais de 30 políticos e autoridades foram assassinados desde 2023.

Os equatorianos votarão sob a pressão da "insegurança, da crise econômica, da falta de emprego e da corrupção", afirmou o analista Mauricio Alarcón.

Os candidatos pretendem reavivar a economia com modelos econômicos opostos. Noboa aplica o neoliberalismo, enquanto González quer um Estado mais robusto e mais generoso com os pobres.

Uma década de gastos sem a bonança do petróleo aumentou a dívida pública para cerca de 57% do PIB, de acordo com o FMI.

A produção não atingiu 500.000 barris por dia desde 2020 devido ao desinvestimento. O desemprego e o subemprego chegam a quase 23%, e a pobreza atinge 28% da população em um país focado em financiar a guerra contra as drogas.

Vitória apertada

O Equador está polarizado há mais de uma década.

Herdeiro de um magnata do setor bananeiro, Noboa é um dos governantes mais jovens do mundo, uma imagem que explora nas redes sociais.

Vestindo um colete à prova de balas e liderando operações militares espetaculares, ele acumulou apoio como um político de mão de ferro contra o narcotráfico.

Apesar da popularidade, organizações de direitos humanos denunciam abusos em seu plano de segurança.

Luisa González também promete segurança, com respeito aos direitos humanos. Ela projeta a imagem de uma mulher do povo e mãe solteira que fez seu nome. É a herdeira política do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), uma figura que divide o país.

"Se o correísmo não vencer desta vez, dificilmente permanecerá por muito mais tempo", disse o cientista político Simon Pachano.

Correa está refugiado na Bélgica desde que deixou o poder. À revelia, ele foi condenado a oito anos de prisão por corrupção e é alvo de um mandado de prisão. Ele nega todas as acusações.

Noboa venceu eleições extraordinárias para concluir até maio o mandato de Guillermo Lasso, que dissolveu o Congresso e convocou eleições antecipadas para evitar um julgamento por corrupção.

Um dos maiores aliados dos Estados Unidos na região, ele pediu ajuda militar ao presidente Donald Trump e não descarta a possibilidade de instalar bases militares estrangeiras no país.

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