Equador: otografias da captura mostram Pico com o cabelo tingido de loiro, algemado e cercado por agentes uniformizados (Rodrigo Buendia/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 22 de abril de 2024 às 20h25.
Um líder criminoso acusado de ameaçar de morte a procuradora-geral do Equador, Diana Salazar, foi capturado nesta segunda-feira, 22, três meses após sua fuga em meio a uma violenta onda de ataques narcoterroristas no país, informaram autoridades.
À tarde, "dois corpos desmembrados" foram encontrados no norte de Quito, informou o Ministério Público em comunicado.
A entidade "está investigando o ocorrido, pois se presume que tem relação" com "informações de inteligência sobre possíveis atentados contra a vida" de Salazar, acrescentou.
O equatoriano Colón Pico foi detido junto com outras quatro pessoas, incluindo dois detentos que escaparam da mesma prisão e uma irmã dele, em uma área do pequeno povoado de Puerto Quito, 160 km a noroeste da capital.
"Hoje temos três recapturados. Todos sabemos o que Colón Pico representa, ele se tornou um símbolo" dentro do crime organizado, expressou em coletiva de imprensa conjunta a ministra do Interior, Mónica Palencia, peça-chave do governo em sua guerra contra as quadrilhas narcotraficantes.
Conhecido como 'capitão Pico', um dos chefes do grupo Los Lobos e considerado um "alvo de alto valor" pelas autoridades, o fugitivo escapou de uma prisão em Riobamba, no centro andino, em 9 de janeiro, em meio a um forte onda de violência narcoterrorista que deixou cerca de vinte mortos no país. O ataque levou o presidente Daniel Noboa a declarar o estado de exceção, que durou 90 dias e permitiu a mobilização dos militares nas ruas.
"Obrigado, Equador, por seu amplo apoio a uma política de segurança e combate à corrupção que está dando resultados, como a captura de hoje de Colón Pico", escreveu Noboa na rede social X.
As autoridades suspeitam que Los Lobos tenham participado do assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, baleado em agosto passado por sicários colombianos ao sair de um comício de campanha em Quito.
Fotografias da captura mostram Pico com o cabelo tingido de loiro, algemado e cercado por agentes uniformizados.
Durante a captura, os agentes "foram recebidos a bala" ao tentarem entrar em uma fazenda de cacau onde estava o fugitivo, indicou o comandante da polícia, general César Zapata.
Pico havia sido detido em 5 de janeiro acusado de sequestro do filho de um traficante e de planejar o assassinato de Salazar, plano que não foi executado.
Após o golpe em Los Lobos, as autoridades ainda buscam o líder dos Choneros, uma das maiores quadrilhas do país, que escapou de uma prisão no porto de Guayaquil (sudoeste). Adolfo Macías, conhecido como "Fito", estava preso desde 2011, condenado a 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e assassinato.
A ausência de Fito, que não foi recapturado, foi detectada durante uma inspeção da força pública na penitenciária em 7 de janeiro.
"Não vamos descansar até tê-los atrás das grades, todos esses terroristas que estão causando problemas", manifestou Zapata.
A fuga do líder dos Choneros desencadeou vários dias de terror no Equador, levando Noboa a declarar o conflito armado interno e ordenar que as Forças Armadas fossem atrás de cerca de vinte grupos considerados "terroristas" e "beligerantes".
Em janeiro, as quadrilhas organizaram ataques violentos em resposta às medidas excepcionais impostas pelo governo, com motins em prisões, ataques à imprensa, explosões de carros-bomba e a retenção temporária de cerca de 200 agentes prisionais e policiais dentro dos centros e detenção.
A recaptura de Pico ocorreu após o referendo de domingo, no qual o governo obteve apoio para fortalecer sua guerra contra o crime organizado com a extradição de equatorianos para outros países e o aumento das penas para crimes como terrorismo, narcotráfico e assassinato por encomenda.
"O povo nos falou de forma clara e concisa, e nos disse que sua prioridade é a segurança, e estamos trabalhando nisso", disse a ministra Palencia.
Segundo a chefe da pasta, a segurança melhorou apesar dos 92 homicídios registrados na última semana: dois prefeitos foram assassinados entre quarta-feira e sexta-feira em uma área de mineração, onde operam Los Lobos, e o diretor de uma prisão também foi morto em um atentado no domingo.
Na primeira semana de janeiro, ocorreram cerca de 200 mortes.
O Equador está entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína, e se tornou um ponto estratégico para o narcotráfico.
A violência aumentou os homicídios para um recorde de 43 por cada 100 mil habitantes em 2023. As prisões, controladas desde janeiro pelos militares, têm sido palco de confrontos sangrentos entre quadrilhas, nos quais mais de 460 presos morreram desde 2021.