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Equador aprova fim da reeleição em derrota para ex-presidente

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 64% dos eleitores apoiaram o fim da reeleição indefinida em referendo

Rafael Correa: ex-presidente, que alega "perseguição", acusa Moreno de querer utilizar a pergunta do referendo para cassar seus direitos pela via judicial (JUAN CEVALLOS/AFP)

Rafael Correa: ex-presidente, que alega "perseguição", acusa Moreno de querer utilizar a pergunta do referendo para cassar seus direitos pela via judicial (JUAN CEVALLOS/AFP)

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AFP

Publicado em 5 de fevereiro de 2018 às 08h07.

O Equador decidiu no domingo virar a página da era Rafael Correa ao aprovar em referendo o fim da reeleição indefinida, o que fecha o caminho para um retorno ao poder do ex-presidente de esquerda em 2021.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), 64% dos eleitores apoiaram o fim da reeleição indefinida no referendo de sete perguntas convocado pelo presidente Lenín Moreno, ex-aliado de Correa.

Os equatorianos também aprovaram, com 63% dos votos, a reestruturação do órgão criado pelo ex-governante para nomear autoridades de controle, o que na prática significa uma "descorreização" total do Estado.

"É um golpe político e eleitoral para Correa, que não poderá ser candidato em 2021 (...) Termina lesionado, termina afetado, mas de nenhuma maneira se pode falar do fim de Rafael Correa como ator político", afirmou à AFP o cientista político Santiago Casabe.

Minutos depois do anúncio dos resultados preliminares, o presidente, que recebeu dos partidos opositores ao 'correísmo', celebrou no Palácio de Candeleta a "clara e contundente vitória do Sim" no referendo.

"O confronto ficou para trás, é hora de voltar a nos abraçarmos", expressou Moreno, antes de afirmar que a consulta servirá para "aprofundar a democracia".

Correa felicitou no Twitter os seus militantes, alegando que "nenhum movimento por si só pode alcançar 36%, em tão pouco tempo em uma luta tão desigual".

"A luta continua. Não podemos aceitar em um estado de Direito tamanho rompimento constitucional. Até a vitória sempre", completou o ex-presidente, que retornará para a Bélgica na próxima terça-feira.

O referendo é o capitulo mais recente da disputa acirrada entre os dois políticos que iniciaram a "revolução cidadã" há 10 anos, um movimento de teor socialista que prosperou graças, em parte, à renda do petróleo.

A disputa provocou uma divisão entre os governistas, maioria na Assembleia Nacional, e a vitória pode servir para Moreno ganhar legitimidade, recompor a base de apoio e adortar medidas econômicas para reduzir o déficit fiscal.

Os eleitores também aprovaram por ampla maioria o fim da lei aprovada por Correa, um economista de 54 anos que entre 2007 e 2017 modernizou um país com fama da ingovernável, para limitar a ganância imobiliária e inabilitar os políticos condenados por corrupção.

O ex-presidente, que alega "perseguição", acusa Moreno de querer utilizar a pergunta do referendo para cassar seus direitos pela via judicial, como o que aconteceu com o ex-vice-presidente Jorge Glas, seu grande aliado.

"É a nova estratégia da direita para destruir os dirigentes progressistas, como fizeram com Dilma, Lula ou Cristina (Kirchner, na Argentina)", afirmou à AFP.

Correa deve prestar depoimento nesta segunda-feira no Ministério Público por supostas irregularidades em uma venda milionária de petróleo a China e Tailândia durante seu governo.

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