Mossack Fonseca: os dois sócios fundadores da empresa também são investigados por suposto envolvimento na Lava Jato (Wolfgang Rattay/Reuters)
EFE
Publicado em 14 de março de 2018 às 17h46.
Cidade do Panamá - O escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, epicentro do caso Panama Papers e envolvido em crimes investigados na Operação Lava Jato, anunciou nesta quarta-feira que fechará as portas no final deste mês.
"A deterioração reputacional, a campanha midiática, o sítio financeiro e as atuações irregulares de algumas autoridades panamenhas causaram um dano irreparável, cuja consequência obriga o encerramento total das operações ao público no final do presente mês", alegou o escritório em comunicado.
A empresa acrescentou que um "reduzido" grupo de funcionários continuará trabalhando para completar alguns trâmites administrativos e atender consultas de autoridades e antigos clientes.
"Desejamos expressar o nosso agradecimento aos clientes por todos os anos de solidariedade ao nosso grupo, especialmente àqueles que, apesar das situações atuais, continuaram conosco nos apoiando ao longo deste processo", acrescenta a nota.
O anúncio foi feito apenas duas semanas antes do segundo aniversário do escândalo Panama Papers, pelo qual diversas personalidades usaram os serviços da companhia para manter empresas offshore em paraísos fiscais, supostamente com o objetivo de sonegar impostos em seus países de origem.
"O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) apresentou ao mundo, com base em informações roubadas, um panorama errado dos serviços que emprestávamos tergiversando a natureza da indústria e seu papel nos mercados financeiros globais", afirmou o escritório.
Antes do escândalo, o escritório tinha 370 funcionários no Panamá e 600 em representações em todo o mundo, mas desde o vazamento de dados com nomes e atividades de clientes, houve vários cortes de pessoal, e nos últimos meses menos de 10% do antigo total estavam na empresa.
O escritório reiterou que o negócio das empresas offshore não é "ilícito" e que o Panamá é o único país onde as autoridades abriram processos penais contra a firma por oferecer o serviço".
Além do caso Panama Papers, os dois sócios fundadores da empresa, Jurgen Mossack e Ramón Fonseca Mora, são investigados pelo Ministério Público panamenho pelo suposto envolvimento na Lava Jato.
Os advogados, a quem o Ministério Público acusa de formarem uma "organização criminosa" que ajudava a lavar dinheiro no escândalo de corrupção originado no Brasil, foram detidos em fevereiro do ano passado e passaram cerca de quatro meses em prisão preventiva.