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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
Rio de Janeiro - O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Mauricio Tolmasquim, admitiu hoje que existem obstáculos para a realização com sucesso de dois leilões de energia eólica, no dias 18 e 19 de agosto. Mas salientou que são dificuldades "contornáveis". Há ainda a dependência de ajustes que serão feitos entre a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ministério de Minas e Energia (MME) e investidores.
Reunião prevista entre a Aneel e a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) para a próxima quarta-feira deverá discutir o assunto e decidir sobre a necessidade de ocorrer alterações no edital. "Não há nada que não seja ultrapassável. Estamos dentro do prazo, já que o edital está sob audiência pública. Mas, em alguns casos, só a publicação de uma nota técnica soluciona o problema e não exige alterações", afirmou hoje Tolmasquim, em entrevista durante evento do setor, no Rio.
Segundo os representantes da Abeeólica e o próprio Tolmasquim, entre as pendências está a contabilização da energia eólica na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pela administração do mercado à vista. O setor argumenta que a Camara não estaria preparada para isso, mas que pode se organizar administrativamente.
Além disso, há pendências em relação à cobrança de uma potência assegurada por parte do gerador e às penalidades que poderão ser impostas aos investidores, caso eles não entreguem o volume contratado. "Não é possível controlar o vento", alega o presidente da Abeeólica, Ricardo Simões. Para ele, o interesse de investidores no leilão depende diretamente da solução destas pendências. Simões estima que sejam ofertados no leilão 5 mil megawatts (MW). "Se não forem arrematados pelo menos 2 mil MW, o leilão pode ser considerado um fracasso", disse.
Térmicas
O presidente da EPE frisou ainda que a construção de usinas térmicas na Região Sul não está em nenhuma lista de empreendimentos programados e só ocorreria diante de uma "necessidade enorme". "Ao fazer isso, estaríamos indo contra a competição. Tem que ter uma razão muito forte, porque estaríamos limitando o número de jogadores", disse Tolmasquim, em entrevista após participar de seminário sobre energia eólica organizado pelo Centro de Treinamento e Estudos em Energia (CTEE).
Algumas instituições, entre elas o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), têm defendido a construção de térmicas na Região Sul para aumentar a segurança energética na região, já que lá não há reservatórios de grande porte.