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Enviado russo diz "não poder excluir" guerra com Estados Unidos

Temores sobre um confronto entre a Rússia, maior aliada da Síria, e o Ocidente estão elevados desde que Trump disse que mísseis "estarão a caminho" do país

Donald Trump: "Nunca disse quando um ataque à Síria aconteceria. Pode ser muito em breve ou nem tão logo assim!" (Reuters/Reuters)

Donald Trump: "Nunca disse quando um ataque à Síria aconteceria. Pode ser muito em breve ou nem tão logo assim!" (Reuters/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de abril de 2018 às 20h53.

Washington/Nações Unidas - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus assessores de segurança nacional discutiram nesta quinta-feira opções norte-americanas em relação à Síria, onde ele ameaçou ataques a mísseis em resposta a um possível ataque com gás venenoso, enquanto um enviado russo expressou temores de conflito mais amplo entre Washington e Moscou.

Temores sobre um confronto entre a Rússia, maior aliada da Síria, e o Ocidente estão elevados desde que Trump disse na quarta-feira que mísseis "estarão a caminho", em resposta ao ataque na cidade síria de Douma em 7 de abril, e criticou Moscou por ficar ao lado do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Trump amenizou estas afirmações nesta quinta-feira.

"Nunca disse quando um ataque à Síria aconteceria. Pode ser muito em breve ou nem tão logo assim!", escreveu Trump no Twitter.

Trump se encontrou com sua equipe de segurança nacional sobre a situação na Síria esta quinta-feira e "nenhuma decisão final foi tomada", informou a Casa Branca em comunicado.

"Nós continuamos avaliando inteligência e estamos participando de conversas com nossos parceiros e aliados", informou em comunicado.

Trump conversou mais tarde com a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, e os dois concordaram "com a necessidade de impedir o uso adicional de armas químicas pelo regime de Assad", disse o gabinete de May em um comunicado.

O presidente dos EUA também conversaria com o presidente da França, Emmanuel Macron, que disse que a França possuía provas de que o governo sírio realizou o ataque próximo a Damasco, que grupos de socorro disseram ter matado dezenas de pessoas, e irá decidir se irá atacar de volta quando todas as informações necessárias forem coletadas.

"Nós temos provas que na semana passada... armas químicas foram usadas, ao menos com cloro, e que elas foram usadas pelo regime de Bashar al-Assad", disse Macron, sem fornecer detalhes de quaisquer evidências.

Duas autoridades dos EUA com conhecimento de uma investigação em andamento de amostras de Douma e dos sintomas das vítimas disseram que aparentam estar corretas as indicações iniciais de que uma mistura convertida em arma de gás cloro e sarin foi usada no ataque. Mas agências da inteligência dos EUA não completaram suas avaliações ou chegaram a uma conclusão final, disseram as autoridades.

A Rússia disse ter enviado policiais militares para Douma nesta quinta-feira após a cidade ser tomada por forças do governo.

"Eles são a garantia da lei e ordem na cidade", informou o Ministério da Defesa da Rússia, segundo a agência de notícias RIA.

Houve sinais de um esforço global para evitar um confronto direto entre a Rússia e o Ocidente. O Kremlin informou que uma conexão de comunicação de crise com os EUA, criada para evitar uma disputa acidental na Síria, está em uso.

Vassily Nebenzia, embaixador de Moscou na Organização das Nações Unidas, disse "não poder excluir" guerra entre os EUA e a Rússia e pediu para Washington e seus aliados que se contenham sobre uma ação militar contra a Síria.

"A prioridade imediata é evitar o perigo de guerra", disse a repórteres. "Nós esperamos que não haja um caminho sem volta", disse o enviado.

Uma equipe de especialistas do órgão monitor global de armas químicas, a Organização para a Proibição de Armas Químicas, estava viajando à Síria e irá começar sua investigação no sábado, informou a agência sediada na Holanda.

(Reportagem adicional de Angus McDowall, em Beirute, William James, Guy Faulconbridge e David Milliken, em Londres, Andrew Osborn, Maria Kiselyova e Jack Stubbs, em Moscou, John Irish, em Paris, Graham Fahy, em Dublin, Jeff Mason, John Walcott, Phil Stewart e Idrees Ali, em Washington, e Michelle Nichols, nas Nações Unidas)

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