Biden: memória e condição de saúde do presidente preocupa eleitores (Kevin Dietsch/AFP)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 9 de fevereiro de 2024 às 14h03.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2024 às 14h03.
Em meio à corrida eleitoral pela Casa Branca, a idade e a capacidade intelectual do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltaram ao centro das discussões do país. Um relatório do conselheiro especial do Departamento de Justiça, Robert Hur, disse que Biden tem uma memória tão prejudicada que sequer lembra de quando foi vice-presidente e de quando seu filho Beau, que morreu em 2015 vítima de um câncer, faleceu.
O inquérito afirma que Biden reteve e divulgou documentos confidenciais do governo relacionados à política militar e externa no Afeganistão após deixar a vice-presidente. Apesar da constatação, as autoridades decidiram não o indiciar por usas "limitações significativas". Hur entrevistou o presidente democrata por cinco horas como parte da investigação.
Uma série de pesquisas mostra que a idade de Biden é uma das maiores preocupações dos eleitores americanos. Ele estaria com 82 anos no início de um eventual segundo mandato, e com 86, no final dele.
No documento, o conselheiro disse que seria difícil condenar o presidente pela sua ação indevida por conta das suas "faculdades diminuídas". "No julgamento, Biden provavelmente se apresentaria a um júri, como fez durante a nossa entrevista com ele, como um homem idoso, simpático e bem-intencionado, mas com memória fraca", escreveu Hur no relatório de 388 páginas.
A investigação afirma ainda que Biden entregou uma parte dos documentos para um escritor que vai escrever suas memórias — fato negado pelo mandatário americano. Os arquivos confidenciais foram encontrados em 2022 e 2023 na casa de Biden em Wilmington, Delaware, e em um antigo escritório particular.
Hur afirmou ainda que vê diferenças nos escândalos de documentos secretos de Biden e Trump. De acordo com a acusação, o republicano "não só se recusou a devolver os documentos por muitos meses, mas também obstruiu a justiça contratando outros para destruir provas e então mentir sobre isso".
"Pelo contrário, Biden entregou documentos classificados aos Arquivos Nacionais e ao Departamento de Justiça, aceitou buscas em múltiplos locais, incluindo suas casas, compareceu a uma entrevista voluntária e cooperou de outras maneiras com a investigação", detalha.
Hur foi nomeado em janeiro de 2023 pelo secretário de Justiça, Merrick Garland. Antes, foi designado por Trump como procurador-geral do estado de Maryland.
Trump, de 77 anos, se declarou inocente em junho de múltiplas acusações de retenção ilegal de informações de defesa nacional, conspiração para obstruir a justiça e declarações falsas.
O procurador especial Jack Smith o acusa de ter colocado em perigo a segurança nacional ao reter informações nucleares e de defesa ultrassecretas após deixar a Casa Branca. O ex-presidente deverá ser julgado em maio.
Em resposta ao relatório, Biden disse que é o candidato mais preparado para governar o país e tem uma boa memória. "Sou bem-intencionado, sou idoso e sei o que estou fazendo. Sou o presidente e colocarei novamente este país nos trilhos", afirmou Biden em um discurso na noite de ontem.
"Minha memória é boa", disse ele, muito irritado porque o informe menciona que ele esqueceu o dia da morte de seu filho Beau. "Como diabos se atreve?!", afirmou.
A equipe jurídica do presidente americano também criticou o relatório que cita os supostos lapsos de memória de Biden. "O relatório utiliza uma linguagem altamente prejudicial para descrever uma ocorrência comum entre as testemunhas: a falta de recordação de acontecimentos ocorridos há anos", escreveu o advogado da Casa Branca, Richard Sauber.
Em partes, a conclusão do relatório aliviou Biden, candidato à reeleição nas eleições presidenciais nos EUA, quando provavelmente enfrentará seu antecessor republicano, Donald Trump. Sobre os documentos, Biden disse que não sabia que sua equipe havia colocado memorandos secretos em sua garagem.
Durante seu pronunciamento na quinta-feira, 7, Biden voltou a cometer uma gafe, a terceira em poucos dias.
Desta vez, chamou o mandatário egípcio Abdel Fatah al Sisi de "presidente do México". No último domingo, 4, Biden confundiu o atual presidente da França, Emmanuel Macron, com o falecido François Mitterrand. Dias depois, durante evento de campanha, o democrata comentou sobre uma conversa de 2021 com o ex-chanceler alemão Helmut Kohl, falecido em 2017.