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Entenda como funciona a luta antidoping

Desde 1999, a Wada, integrada por autoridades públicas e esportivas, escreve o código mundial antidoping


	Lance Armstrong: o ciclista americano foi suspenso após testemunho de ex-companheiros de equipe de uso de doping
 (©AFP / Jack Guez)

Lance Armstrong: o ciclista americano foi suspenso após testemunho de ex-companheiros de equipe de uso de doping (©AFP / Jack Guez)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2015 às 10h02.

O sistema mundial de luta antidoping, gerenciado pela agência de mesmo nome (Wada, em inglês), é baseado em investigações policiais e controles cada vez mais sofisticados.

Segue abaixo o funcionamento desta organização complexa, que sempre evolui com o tempo.

Quais são as responsabilidades

Desde 1999, data de sua criação, a Wada, integrada por autoridades públicas e esportivas, escreve o código mundial antidoping, um documento transcrito em todas as legislações nacionais através da Convenção da Unesco.

A agência atualiza também todos os anos a lista de produtos proibidos e regula a aplicação dessas regras nas organizações nacionais ou regionais antidoping (Onad) e nas federações internacionais, que baseiam seus regulamentos nos princípios do código mundial.

A organização dos controles difere segundo o estatuto de cada competição.

Nas competições nacionais, é a entidade nacional competente que organiza os controles.

As amostras são geralmente mandadas para o laboratório do país ou da região onde o evento está sendo realizado.

Em caso de controle positivo, a Onad pede à federação nacional envolvida que puna o atleta.

Em competições internacionais (o Tour de France, um torneio do Grand Slam de tênis ou uma Copa do Mundo), são as federações internacionais (FI) que aplicam os testes, segundo os mesmos princípios.

Convenções de colaboração podem também unir as FI às entidades nacionais.

Como são feitos os testes

Os testes, instaurados durante os anos 60, foram se aperfeiçoando e modernizando com os anos.

Na urina e no sangue, é possível encontrar grande parte das substâncias utilizadas pelos atletas: esteroides, Eritropoietina (EPO), estimulantes e corticoides.

Os produtos mais recentes, como os hormônios de crescimento, também podem ser encontrados nos testes, mas em condições mais irregulares.

Em contrapartida, não existem ainda testes diretos confiáveis quando se trata de autotransfusão, ou seja, a reinjeção por um atleta de seu próprio sangue.

Estas carências, que se juntam ao fato das janelas de detecção serem às vezes muito curtas, incentivaram a Wada a dar cada vez mais importância às provas não analíticas de doping.

Quem é testado

As federações internacionais dos diversos esportes definem uma lista de atletas que devem ser testados segundo diferentes critérios (nível de performance, suspeitas, retorno de contusão...). É o chamado 'grupo alvo'.

As entidades nacionais antidoping têm seus próprios 'grupos alvos', assim como as FI.

Os atletas que figuram nesses grupos são submetidos às regras de localização, ou seja, obrigados a comunicar suas agendas para que possam ser testados a qualquer momento.

Não comparecer a um teste é uma infração grave que pode ser punida com suspensão, caso se repetir três vezes num período de 12 meses.

O que é passaporte biológico

Sob o incentivo da Wada, algumas federações (ciclismo, atletismo, remo) desenvolveram no fim dos anos 2000 o "passaporte hematológico dos atletas", antecessor do passaporte biológico.

Confrontados à detecção difícil, às vezes impossível, de certas formas de doping sanguíneo, os cientistas criaram um teste individualizado para cada atletas.

As variações inexplicáveis dos parâmetros ligados ao sangue podem acabar em suspensão.

Seguindo os passos do passaporte hematológico, o passaporte de esteroides estuda as variações das taxas de hormônios, como a testosterona, presente no estado.

Qual a outra maneira de encontrar trapaceiros

O caso da velocista americana Marion Jones, que confessou o uso de substâncias ilícitas depois de ser acuada pela justiça e por testemunhas, foi o primeiro caso de luta antidoping no plano das investigações.

Nenhum teste de Marion Jones, numa época em que o passaporte biológico ainda não existia, deu positivo.

Foi preciso esperar as confissões de atletas comprometidos, como ela, no caso Balco (o laboratório que fornecia os produtos dopantes), em 2003, e seu perjúrio diante da justiça americana para que a velocistas fosse finalmente pega.

Jones sofreu severas punições esportivas do COI e da IAAF, que retiraram suas medalhas olímpicas.

Desde então, nos textos da Wada, as infrações não analíticas -porte ou aquisição de produtos ilegais- se tornaram provas tão válidas quanto amostras positivas.

O ciclista americano Lance Armstrong, por exemplo, foi suspenso após testemunho de ex-companheiros de equipe.

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