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Entenda a eleição que pode mudar tudo (ou nada) na Alemanha

Em meio ao Brexit e eleição de Trump, resultado do pleito alemão será mais um termômetro do panorama político na Europa nos próximos anos

Angela Merkel: atual chanceler da Alemanha pode permanecer mais quatro anos no posto (Sebastian Widmann / Stringer/Getty Images)

Angela Merkel: atual chanceler da Alemanha pode permanecer mais quatro anos no posto (Sebastian Widmann / Stringer/Getty Images)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 2 de setembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 2 de setembro de 2017 às 06h00.

São Paulo – No próximo dia 24 de setembro, acontecem na Alemanha as eleições gerais para a composição do parlamento que irá, por sua vez, escolher a pessoa que ocupará o posto de chanceler pelos próximos quatro anos. O resultado, no entanto, pode ser decidido antes dessa data, já se espera que 30% dos eleitores registrem seus votos por correio.

Em um momento em que o mundo observa os rumos das negociações do Brexit, sente os desdobramentos da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos e acompanha a ascensão de movimentos populistas em diferentes países, o resultado da eleição alemã se tornou mais um termômetro do panorama político na Europa nos próximos anos.

Abaixo, veja os principais pontos sobre esse pleito.

Quem pode votar

Todo cidadão alemão com mais de 18 anos pode comparecer às urnas e o voto é facultativo. De acordo com informações do governo alemão, divulgadas pela rede Deutsche Welle, em 2013, o comparecimento dos eleitores foi de 70%. Neste ano, 61,5 milhões de pessoas estão elegíveis. Deste total, 31,7 milhões são mulheres, 29,8 milhões são homens e 3 milhões votarão pela primeira vez. Um terço dos eleitores tem mais de 60 anos de idade.

Como funciona

A composição do parlamento alemão, o Bundestag, é eleita a cada quatro anos. Os representantes são escolhidos diretamente, sem o intermédio de delegados ou Colégio Eleitoral, como é o caso nos Estados Unidos (entenda o processo eleitoral americano).

Os alemães votam duas vezes para eleger no mínimo 598 assentos. Primeiro, escolhem 299 deles a partir de pleitos distritais (são 299 distritos) nos quais o candidato que conseguir a maioria simples dos votos é eleito.

A segunda votação, e que definirá as outras 299 cadeiras, é um pouco mais complexa e acontece em âmbito estadual. Os eleitores votam em listas fechadas de candidatos escolhidos pelo partido e que obedece uma hierarquia. Neste caso, em linhas gerais, os assentos que o partido terá varia de acordo com o estado e a proporção dos votos recebidos. Aqui, o partido precisa, ainda, garantir um mínimo de 5% de votos.

Lembrando que 598 é um número mínimo de assentos. Se um partido ganha mais cadeiras pela via distrital do que pela estadual, criam-se os chamados mandatos excedentes, que, na prática, resultam no aumento dessas cadeiras.

Na última eleição, por exemplo, foi necessário expandir o número de parlamentares para 630, a fim de garantir o equilíbrio entre as forças partidárias e respeitando o desempenho obtido na segunda votação.

Uma vez definida a distribuição no Bundestag, os partidos então estão livres para negociar coalizões. Aquele partido ou coalizão que controlar a maioria parlamentar, elege o chanceler. Angela Merkel ocupa esse posto há 12 anos e agora luta por mais quatro no poder.

Os principais candidatos ao posto de chanceler

Os dois candidatos que despontam como possíveis nomes são Angela Merkel, do União Democrata-Cristã (UDC), e Martin Schulz, do Partido Social-Democrata (SPD).

No poder desde 2005, a conservadora Merkel foi a primeira mulher a ocupar o posto de na Alemanha e ainda é aclamada: 59% dos alemães apoiam o seu governo. Esse número caiu dez pontos em relação ao registrado em julho, mas, ainda assim, não é desprezível.

Schulz, por sua vez, já foi presidente do parlamento europeu e é novo na liderança de seu partido, tendo ascendido no início de 2017. É inclinado à esquerda e especialmente apoiado por jovens, que o consideram “um rosto novo” na política alemã.

O que defendem

O programa apresentado por Merkel e seu partido traz poucas novidades e uma mensagem de que nada precisa mudar na Alemanha. Os pontos principais são os seguintes: entregar o pleno emprego no país até 2025, cortar impostos e trabalhar pela segurança, interna e externa.

O primeiro é algo que especialistas consideram factível, uma vez que a situação econômica do país está melhor do que nunca, registrando sucessivas quedas no desemprego e observando o aumento dos salários. Já o segundo tem como objetivo aumentar o contingente da força policial e também o orçamento da Defesa para 2% do PIB.

Schulz e o SPD focaram em atuar pela distribuição da riqueza e ferramentas de justiça social. Em seus primeiros cem dias como chanceler, prometeu, focar em reduzir as diferenças salariais entre homens e mulheres, hoje em 20% e uma das mais altas da Europa.

Invés de cortes em impostos, pretende usar o excedente como investimentos em educação e infraestrutura. Apesar de reconhecer a necessidade de investir nas forças armadas, não detalhou qualquer aumento no orçamento para a Defesa.

Como estão as pesquisas

As pesquisas mais recentes mostram que a coalizão da qual Merkel é líder, e que reúne seu partido UDC e União Social-Cristã, será a maior do Bundestag com cerca de 40% das intenções de voto. Já o SPD de Schulz aparece em segundo, com 25% da preferência dos eleitores. 46% dos alemães, no entanto, estão indecisos.

Vale notar, no entanto, que ainda mesmo que a bancada da atual chanceler seja a maior do parlamento, possivelmente não terá a maioria. Nesse caso, analistas apostam em na união com o SPD, que já é parte da chamada “GroKo” (a grande coalizão) que governa a Alemanha, mas a verdade é que o cenário das coalizões é incerto.

Em terceiro, está o Die Linke (A Esquerda), com 8,6% do apoio dos eleitores e o temido partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha), 8,4%, que observou o crescimento de sua base nos últimos anos, mas sofreu um abalo em sua popularidade no início de 2017.

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