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Entenda a diferença entre Republicanos e Democratas nas eleições dos EUA

Os dois maiores partidos dos Estados Unidos dominam desde 1852 o cenário político americano e representam posições ideológicas distintas

Historicamente, numa leitura genérica, os republicanos são associados ao campo mais conservador, enquanto os democratas são reconhecidos como mais progressistas (Brandon Bell/Rebecca Noble/AFP/Getty Images)

Historicamente, numa leitura genérica, os republicanos são associados ao campo mais conservador, enquanto os democratas são reconhecidos como mais progressistas (Brandon Bell/Rebecca Noble/AFP/Getty Images)

Publicado em 2 de novembro de 2024 às 12h00.

A disputa entre Donald Trump e Kamala Harris pela Presidência dos Estados Unidos traz à tona mais uma vez o confronto entre os dois principais partidos políticos do país: o Partido Republicano e o Partido Democrata.

Embora fundados no século 19, cada uma das siglas tem ideologias distintas, o que faz com que no próximo dia 5 de novembro, quando os eleitores escolhem o novo comando da Casa Branca, cada um deposite visões opostas de mundo nas urnas ao escolher entre um ou outro.

Historicamente, numa leitura genérica, os republicanos são associados ao campo mais conservador, inclinado à direita e ao liberalismo econômico. Enquanto os democratas são reconhecidos como mais progressistas, alinhados à esquerda e liberais nas chamadas pautas de costume.

Contudo, nem sempre foi assim e há mais diferenças entre esses partidos como a história de ambos mostram.

Republicano: do reformismo ao conservadorismo e Trump

Fundado em 20 de março de 1854, em meio a um processo de ruptura dos então partidos à época – Federalistas e Republicanos Democráticos – o Partido Republicano foi formado para promover abolicionistas e impedir a expansão da escravidão.

De acordo com pesquisa do professor de história da PUC-SP Antonio Pedro Tota, era de interesse de seus representantes à época o trabalho livre e assalariado para o desenvolvimento industrial dos EUA. O partido também já trazia o apoio aos valores do liberalismo econômico, como a propriedade privada.

Em 1860 conseguiu eleger seu primeiro presidente, Abraham Lincoln, conhecido por liderar a emancipação da população negra e por atrair críticas dos sulistas, que levaram à criação dos Estados Confederados da América e à Guerra Civil Americana (1861-1865). O republicano, contudo, saiu vencedor da disputa, com a integridade do país preservada e a escravidão abolida.

O período de reconstrução seguinte à guerra, de 1865 a 1877, foi gradativamente, contudo, promovendo mudanças na política, economia e na cultura americana, que provocaram novas divisões com a chegada de conservadores aos partidos. Um processo de mudança que atingiu seu auge nos anos seguintes à Primeira e Segunda guerras mundiais e à Guerra Fria (1947-1991).

Desde então, os republicanos se estabeleceram como uma força conservadora, nacionalista e defensora do Estado mínimo. Hoje sob o protagonismo do ex-presidente Donald Trump, o chamado GOP ("Great Old Party", Grande Velho Partido em português), associou aos Republicanos a bandeira do protecionismo econômico, isolacionismo político, apoio a ditadores à direita e políticas anti-imigrantes.

Democrata: do passado escravocrata à liberdade civil

A história do Partido Democrata é inversa ao do Republicano desde a sua concepção. A agremiação surgiu em 8 de janeiro de 1828, com destaque no no sul dos EUA, conhecido pelos interesses agrários e na mão de obra escravocrata.

O trabalho do professor de história da PUC-SP mostra que o partido defendia como base o Estado mínimo, um governo federal fraco com os Estados independentes. O partido também pregava a democracia ao "homem comum", que não incluía mulheres ou negros, por exemplo.

O primeiro presidente democrata foi Andrew Jackson, eleito em 1828 e conhecido por apoiar a remoção dos indígenas americanos de suas terras sob o argumento de que a sobrevivência dos nativos dependia da "separação" dos brancos.

Posteriormente, também no período da reconstrução pós-guerra civil (depois de 1865), com a migração dos republicanos mais progressistas rumo ao Partido Democrata e, na sequência, as guerras mundiais e a Guerra Fria, que o partido começa a assumir as bases mais atuais. Alinhando-se aos sindicalistas e com pautas mais ao centro-esquerda, sob temas como direitos humanos, preservação ambiental e assistência social.

Hoje, a Presidência dos EUA está sob o comando do democrata Joe Biden, que espera ser sucedido pela sia vice e candidata à Casa Branca, Kamala Harris. A crença atual dos democratas é a de que a "economia deve funcionar para todos", que a "saúde é um direito", a diversidade que forma o país é "uma força" e a democracia "vale a pena ser defendida".

Há outros partidos nos EUA?

Desde 1852, a presidência dos Estados Unidos é dividida entre os presidentes do Partido Democrata do Partido Republicano.

Mas há outras legendas no país, como os partidos Verdes, Libertário, da Constituição, entre outros. Ainda assim, democratas e republicanos são os mais competitivos e disputam as eleições entre si principalmente porque, nos EUA, o bipartidarismo é favorecido pelo sistema eleitoral indireto.

Para vencer a Presidência, é preciso disputar eleições e ter estruturas próprias em dezenas de estados, para cumprir prazos e exigências legais. Os dois partidos já estabelecidos têm vantagens por já conhecerem as regras burocráticas e arrecadarem grandes quantidades de dinheiro para custear campanhas em muitos lugares. Uma nova legenda teria de vencer essas duas barreiras, e os demais partidos do país enfrentam dificuldade para ganhar força por conta disso.

Como funciona a eleição nos EUA?

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