A ModClima é contratada para fazer chover nos reservatórios dos sistemas de abastecimento Cantareira e Alto Tietê (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de março de 2011 às 07h23.
Brasília – Uma pequena empresa de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, que criou uma tecnologia limpa para provocar chuvas, quer o apoio do governo federal para consolidar um modelo nacional de enfrentamento de estiagem e de prevenção de grandes tempestades. O proprietário da empresa, chamada ModClima Pesquisa e Desenvolvimento Ltda, pediu audiência com o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, para apresentar a tecnologia.
Mercadante é um dos ministros que estão à frente do Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, anunciado pelo governo em janeiro, à época das enchentes e dos desabamentos na região serrana do Rio de Janeiro, por causa das fortes chuvas. Além da época de estiagem, a tecnologia pode ser usada antes de tempestades para diminuir a intensidade das chuvas. A data do encontro com o ministro não foi definida ainda.
O dono da empresa, o engenheiro Takeshi Imai, de 68 anos, chamou a técnica que ele inventou de modificação consciente do clima e ambiente, daí o nome ModClima. A tecnologia envolve a “semeadura” de nuvens com água potável borrifada por avião. Essa água, que não tem aditivo químico, se encontra com as gotículas já existentes nas nuvens e provoca a chuva, processo descrito como “colisão-coalescência”, que ocorre naturalmente quando há chuva.
Atualmente, a ModClima usa um avião bimotor equipado com tanque de 300 litros e bicos móveis nas asas e na cauda que esguicham água. As nuvens são escolhidas por meio de radares apontados para a região onde se quer criar a precipitação. Se não houver nuvem, não há como provocar chuva. O recorde de chuva provocada registrado por pluviômetro é de 60 milímetros.
Em dez anos de funcionamento, a empresa acumula em seu portfólio mais de 600 chuvas em diversos lugares no oeste da Bahia, em Santa Catarina e em São Paulo. A ModClima é contratada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para fazer chover nos reservatórios dos sistemas de abastecimento Cantareira e Alto Tietê.
Com o governo federal, a empresa tenta viabilizar a criação de “unidades produtoras de chuva” em áreas extensas com déficit hídrico. “Isso pode evitar incêndios florestais e favorecer a revitalização de nascentes e mananciais”, explica Marjorie Imai, filha do engenheiro Takeshi Imai e diretora da ModClima.
As unidades produtoras de chuva também podem consorciar áreas de proteção ambiental, fazendas e reservatórios e, assim, viabilizar o custo da operação. A hora do voo é na faixa de R$ 12,5 mil. O preço varia conforme o número de voos, a necessidade de manutenção da aeronave, a logística das equipes em terra e a duração do trabalho.
De acordo com notícia publicada no site do Ministério da Ciência e Tecnologia, a ModClima apresentou a técnica durante a recente Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação, que ocorreu em fevereiro na Alemanha. A tecnologia, que está patenteada, foi premiada no 7º Simpósio Internacional da Água, em 2005, na França.