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Energia vai continuar cara este ano, diz Pinguelli

Problemas de gestão na questão da administração da crise hídrica estão diretamente ligados aos custos exorbitantes da energia elétrica


	Há uma tendência de crescimento do consumo de energia decorrente do aumento de renda da população, o que faz aumentar também a emissão de CO2
 (Thinkstock)

Há uma tendência de crescimento do consumo de energia decorrente do aumento de renda da população, o que faz aumentar também a emissão de CO2 (Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2015 às 17h11.

Rio de Janeiro - Este ano, o país terá um período difícil e vai ser obrigado a pagar um preço alto pela energia que consome. Os reservatórios continuam abaixo do desejado, com apenas cerca de 30% de sua capacidade, o que é muito pouco para esta época do ano, quando deveriam estar acima dos 50%.

A opinião é do diretor da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa, que participou nesta terça-feira (28), no Rio, do 3º Congresso Brasileiro de CO², organizado pelo Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustível (IBP), no Hotel Windsor Atlântica, em Copacabana. O encontro tem como tema Desafios e Estratégias do CO² no Cenário Brasileiro e Mundial.

Na avaliação do ex-presidente da Eletrobrás, houve problemas de gestão na questão da administração da crise hídrica e, por isto, os reservatórios encontram-se bem abaixo do desejado para esta época do ano. Ele considera que não há alternativa para 2015 e que as térmicas vão continuar operando na base ao longo do ano porque o governo demorou muito para colocá-las em operação.

“Se tivéssemos ligado as térmicas dois anos antes, poderíamos estar usando melhor as usinas nestes últimos meses, e ainda teríamos os reservatórios em melhores condições”, disse.

A situação é ainda mais complexa do ponto de vista climático, porque há uma tendência do crescimento do consumo de energia decorrente do aumento de renda da população, o que faz aumentar também a emissão de CO2.

“Temos que dar mais atenção ao setor de energia e estamos um pouco na contramão, porque a hidroeletricidade não é suficiente [para atender a demanda] e a complementação térmica tem crescido muito com a utilização de usinas que não são eficientes”, explicou.

Além das usinas térmicas serem usadas na base quase que permanentemente, há ainda, segundo o diretor da Coppe, o agravante do erro na política de preço da gasolina, o que afetou o setor de biocombustíveis. O etanol foi deixado um pouco de lado no mercado de combustíveis, o que contribuiu para o aumento da emissão de gás carbônico.

Para o diretor, não há como resolver o problema de aumento da emissão de CO² que vem ocorrendo nos últimos dois anos, porque o país precisa continuar usando as usinas térmicas operando na base.

“Geramos muita termoeletricidade. A emissão [de CO²] aumentou nos últimos dois anos porque usamos usinas a óleo diesel, gás natural, combustível e carvão vegetal, que tomaram parte do espaço da hidro. O Brasil gerava 80% de sua energia a partir da hidro e hoje gera apenas 70%. Aliado a isso, a política do preço da gasolina tornou o produto mais barato e o consumidor acabou abandonando o carro flex, o que aumentou o nível de emissão em cerca de 20% nos últimos dois anos”, concluiu.

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