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Energéticos provocam convulsões em crianças e apavoram pais

Mais da metade das ligações realizadas aos centros de controle de intoxicações relativas a bebidas como Red Bull está relacionada com menores de 6 anos


	Latas de Red Bull: a maioria das ligações referentes a crianças deveu-se a ingestão acidental
 (Divulgação)

Latas de Red Bull: a maioria das ligações referentes a crianças deveu-se a ingestão acidental (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de novembro de 2014 às 22h39.

Minneapolis - Mais da metade das ligações realizadas aos centros de controle de intoxicações relativas a bebidas energéticas, como Red Bull e Monster, está relacionada a crianças com menos de 6 anos, algumas com convulsões e problemas cardíacos.

Uma pesquisa reforça a ideia de que as bebidas energéticas não são seguras para crianças e devem ter advertências explícitas sobre os riscos, disse Steven Lipshultz, presidente do Conselho de Pediatria da Universidade Estadual de Wayne, em Detroit.

Pessoas de todas as idades com problemas de saúde devem ser cautelosos com bebidas que contêm teores altos de cafeína, disse ele. Os dados foram apresentados ontem na reunião anual da American Heart Association, em Chicago.

“A exposição às bebidas energéticas é um problema de saúde constante”, disse Lipshultz, que também é diretor de pediatria do Hospital Infantil de Michigan.

“Costumamos achar que quem toma essas bebidas são adolescentes ou jovens adultos, mas descobrimos que a metade das ligações realizadas aos centros de controle de intoxicações envolveu exposições acidentais de crianças com menos de 6 anos de idade”.

Os pesquisadores analisaram todas as 5.156 ligações realizadas aos centros de controle de intoxicações de outubro de 2010 a setembro de 2013 relativas a bebidas energéticas.

A maioria das ligações referentes a crianças com menos de 6 anos deveu-se a ingestão acidental. Quase um terço apresentou sintomas graves que necessitaram de tratamento, inclusive tremores ou convulsões, náusea e vômito ou dor no peito e ritmo cardíaco irregular.

A Food and Drug Administration dos EUA começou uma investigação sobre bebidas energéticas com cafeína em 2012, após registrar-se um aumento dos casos relativos a elas nas emergências hospitalares.

A American Medical Association solicitou a restrição das vendas a pessoas com menos de 18 anos. Pesquisas anteriores mostraram que essas bebidas podem aumentar a pressão arterial e provocar arritmia.

Condições de saúde

Crianças pequenas, especialmente as que têm outros problemas de saúde, como doenças cardíacas ou convulsões, podem ser particularmente vulneráveis.

Condições mais comuns e menos evidentes, como predisposição à diabetes ou ao Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), podem tornar as pessoas mais sensíveis às bebidas, principalmente se elas estiverem tomando remédios, disse Lipshultz.

Quem já passou da adolescência também pode correr riscos. Consumidores com 20 anos ou mais apresentaram mais probabilidade de registrar efeitos colaterais graves, especialmente se combinarem essas bebidas com bebidas alcoólicas, de acordo com a pesquisa.

A Monster Beverage Corp. e a Red Bull GmbH, de capital fechado, não responderam a ligações telefônicas e e-mails em busca de comentários.

A Monster já havia dito anteriormente que seus produtos não estavam destinados a crianças e que suas bebidas energéticas não tinham alto teor de cafeína.

Menos regulamentos

Algumas das bebidas são vendidas como complementos alimentares e não são reguladas com rigidez. Por causa disso, pode ser difícil saber o teor real de cafeína que elas contêm.

Algumas incluem cafeína em pó, além da cafeína de plantas e outras fontes, disse Lipshultz em entrevista por telefone. Tanto Monster quanto Red Bull são vendidas como bebidas e informam na etiqueta a quantidade de cafeína que contêm.

O dano real provocado por essas bebidas pode ser muito maior. Um relatório do Instituto de Medicina estima que menos da metade do total de casos de intoxicação nos EUA é informado ao Sistema Nacional de Dados de Intoxicações.

“Essas bebidas não devem fazer parte da alimentação de crianças e adolescentes e não deveriam ser vendidas a menores de 18 anos”, disse Lipshultz.

“Se o objetivo é tentar proteger a saúde pública, essas bebidas devem ser reguladas da mesma maneira que o tabaco, o álcool e dirigir veículos, assim haverá menos crianças no hospital ou em tratamentos intensivos”.

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