As enchentes afetaram uma área do tamanho da Alemanha e França juntas (Scott Barbour/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de janeiro de 2011 às 08h15.
Rockhampton, Austrália - As inundações recordes na Austrália causaram danos catastróficos à infraestrutura do Estado de Queensland e levaram à paralisação de 75 por cento de suas minas de carvão, que alimentam as siderúrgicas da Ásia, disse a primeira-ministra estadual, Anna Bligh, nesta quarta-feira.
As piores enchentes em décadas no país afetaram uma área do tamanho da Alemanha e França juntas, fizeram cidades parecer ilhas em meio a um mar de lama, devastaram plantações, interromperam os serviços das grandes ferrovias e rodovias de ligação com os portos, reduziram o volume de exportações e forçaram a alta do preço mundial do carvão.
"Setenta e cinco por cento de nossas minas estão atualmente fora de operação por causa das inundações. Isso tem um enorme impacto nos mercados internacionais e na produção internacional de aço", disse a primeira-ministra do Estado à TV local.
As enchentes australianas, que isolaram 22 cidades, foram causadas pelo fenômeno climático "La Niña", que produz chuvas de monções no oeste do Pacífico e Sudeste da Ásia.
O "La Niña" fez com que a Austrália tivesse em 2010 seu ano mais chuvoso registrado até agora e ainda deve durar mais três meses, segundo informou nesta quarta-feira o centro de meteorologia do país.
Queensland é o maior produtor mundial do carvão usado na fabricação do aço.
"Queensland é um Estado muito grande. Depende de seu sistema de comunicação e, em alguns casos, esse sistema de transporte está enfrentando danos catastróficos", declarou Bligh.
"Sem dúvida, aqui em Queensland este desastre não tem precedentes em dimensão e escala. O que tenho visto em cada comunidade que visito é desolação, devastação."
O desastre das enchentes, dizem analistas, deve provocar uma redução de 0,4 por cento no PIB anual do país, estimado em 1,3 trilhão de dólares australianos, o que equivale a pouco mais de 5 bilhões de dólares australianos.
Moradores de cidades alagadas trabalham desesperadamente nesta quarta-feira para erguer muros de contenção com sacos de areia, na esperança de deter a subida das águas.
Na cidade de Rockhampton, de economia pecuária, uma elevação de apenas 20 centímetros nas águas das enchentes inundaria mais 400 casas e chegaria à entrada de outras 4 mil propriedades.
"Vamos esperar que consigamos evitar o problema. Cada centímetro conta", disse o coordenador do Estado para situações de desastre, Ian Stewart.
Cerca de 200 mil pessoas foram afetadas pelas inundações, das quais três morreram. As autoridades estão pedindo que as pessoas deixem as áreas alagadas, não apenas pelo risco de afogamento. Levados pelas águas, cobras e crocodilos estão chegando a lojas e casas.