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Empresas devem abrir processos bilionários por navio encalhado em Suez

Com as cargas atrasadas durante semanas, senão meses, o bloqueio pode desencadear uma série de processos movidos pelos afetados

Garotos assistem Ever Given voltar a se mover no Egito, na segunda-feira, 29: navio parado pode ter deixado bilhões de dólares em prejuízos (Islam Safwat/Bloomberg)

Garotos assistem Ever Given voltar a se mover no Egito, na segunda-feira, 29: navio parado pode ter deixado bilhões de dólares em prejuízos (Islam Safwat/Bloomberg)

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Bloomberg

Publicado em 30 de março de 2021 às 19h17.

Última atualização em 30 de março de 2021 às 22h09.

O Canal de Suez pode estar aberto novamente, mas a batalha devido aos prejuízos causados pelo bloqueio mais longo da hidrovia em quase meio século está apenas começando.

Com as cargas atrasadas durante semanas, senão meses, o bloqueio pode desencadear uma série de processos movidos pelos afetados, como armadores, fabricantes e produtores de petróleo.

“As questões jurídicas são enormes”, disse Alexis Cahalan, sócio da Norton White, em Sydney, que é especializada em direito do transporte. Segundo ele, devido à variedade de cargas transportadas por meio da hidrovia, como petróleo, grãos, bens de consumo como geladeiras e produtos perecíveis, ainda vai demorar para saber a dimensão dos pedidos de indenização.

O navio porta-contêineres Ever Given foi retirado da margem na segunda-feira, e o tráfego pelo canal — que conecta o Mediterrâneo ao Mar Vermelho — foi retomado logo em seguida. O bloqueio, que começou quando o navio bateu na parede na terça-feira passada, foi o mais longo do canal desde que foi fechado por oito anos após a Guerra dos Seis Dias de 1967. O incidente destacou mais uma vez a fragilidade da infraestrutura do comércio global e ameaças às cadeias de suprimento já afetadas pela pandemia de coronavírus.

O Ever Given, que se deslocou da parte sul do canal para o norte, está sendo inspecionado quanto a danos. Essas inspeções determinarão se o navio pode retomar o serviço programado e o que acontecerá com a carga, segundo comunicado da armadora do navio Evergreen, de Taiwan.

Autoridades egípcias estavam ansiosas para a retomada do tráfego na hidrovia, que é um canal para cerca de 12% do comércio mundial e em torno de 1 milhão de barris de petróleo por dia.

“Coordenar a logística de quem passa primeiro e como isso vai ser resolvido, acho que os egípcios têm uma tarefa e tanto nas mãos”, disse John Wobensmith, CEO da Genco Shipping & Trading, em entrevista à Bloomberg Television na terça-feira.

O bloqueio deve reduzir os ganhos das resseguradoras globais, que já foram atingidas pela pandemia, tempestades de inverno nos Estados Unidos e inundações na Austrália, de acordo com a Fitch Ratings. Como consequência, os preços do resseguro marítimo vão subir ainda mais, disse a agência. A Fitch estima que as perdas podem chegar a centenas de milhões de euros.

Em uma possível série de processos, os proprietários das mercadorias a bordo do Ever Given e de outros navios poderiam buscar compensação de suas seguradoras devido aos atrasos. Essas seguradoras de carga podem, por sua vez, entrar com ações contra os proprietários do Ever Given, que então recorrerão às seguradoras para proteção.

A Evergreen diz que a japonesa Shoei Kisen Kaisha — proprietária do navio — é responsável por quaisquer perdas. A Shoei Kisen assumiu certa responsabilidade, mas diz que os armadores precisam negociar com os proprietários das cargas.

O consultor jurídico da Evergreen é a britânica Ince Gordon Dadds, de acordo com pessoas a par do assunto, que pediram para não serem identificadas. Ince Gordon Dadds e Evergreen não quiseram comentar.

Com a colaboração de Kyunghee Park, Salma El Wardany, Mirette Magdy, Tsuyoshi Inajima, Sharon Cho, Alex Longley, Benjamin Robertson, Krystal Chia, Serene Cheong, Julian Lee e Jack Wittels.

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