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Empresários russos vão para Dubai e fogem das sanções da guerra na Ucrânia

Rico emirado do Golfo que declarou neutralidade sobre o conflito recebe empresários, autônomos e artistas russos

A advogada Daria Nevskaya em Dubai, em 24 de maio de 2022 (AFP/AFP Photo)

A advogada Daria Nevskaya em Dubai, em 24 de maio de 2022 (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 25 de maio de 2022 às 14h54.

Última atualização em 25 de maio de 2022 às 15h51.

Afetados pelas sanções impostas à Rússia por invadir a Ucrânia, cada vez mais empresários, autônomos e artistas russos se instalam em Dubai, o rico emirado do Golfo que declarou neutralidade sobre o conflito.

Em IFZA, umas das muitas zonas francas criadas para atrair investimentos estrangeiros, "o número de empresários e startups russas se multiplicou por dez em relação ao ano passado", afirmou seu diretor-executivo, Jochen Knecht.

Os "investimentos russos são bem-vindos" em um país de 9 milhões de habitantes — 90% estrangeiros —, em sua maioria trabalhadores pouco qualificados da Ásia.

Destino turístico de luxo e frequentemente acusado de paraíso fiscal, Dubai costuma ser frequentada por russos com alto poder aquisitivo, interessados principalmente no setor imobiliário. Entre eles, alguns magnatas sancionados pelos ocidentais, como o antigo proprietário do clube Chelsea, Roman Abramovitch, que visitou casas em Dubai em março, segundo a agência Bloomberg.

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Os negócios continuam

Há também "muitas celebridades russas que já eram proprietárias em Dubai e hoje querem viver no emirado", disse Valária Zolotco, da imobiliária AX Capital.

"Vemos cada vez mais PMEs, empresas emergentes que querem transferir suas sedes para continuar seus negócios", conta Georges Hojeige, presidente da Virtugroup, que assessora sua instalação em Dubai.

As sanções financeiras e comerciais contra a Rússia impuseram grandes desafios às empresas russas, como perdas de fornecedores, clientes, mão de obra além de problemas de logística.

"Temos de criar uma [nova] infraestrutura, temos os meios para isso, mas levará tempo", reconheceu em abril a presidente do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiullina. "As dificuldades aparecem em todos os setores", destacou.

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"Uma pessoa qualquer"

Daria Nevskaya, sócia do escritório de advocacia russo FTL, contou que muitos de seus clientes "têm dificuldades para trabalhar com o exterior".

Ela mesma decidiu deixar Moscou e abrir um escritório em Dubai. "Sou especialista em direito internacional, e acredito que tão cedo não haverá projetos internacionais na Rússia", lamenta.

Dubai oferece "oportunidades de negócios", continua, afirmando que é uma "cidade internacional" sem sentimento antirrusso". "Não me sinto como uma criminosa aqui. Me tratam como uma pessoa qualquer", concluiu.

No entanto, para muitos cidadãos russos a mudança para Dubai vem carregada de obstáculos, como cartões de crédito que não funcionam no exterior, bancos intransigentes além das restrições impostas por Moscou às remessas financeiras.

Nevskaya disse que há um mês tenta sacar € 5 mil transferidos de Moscou para Dubai, bloqueados pelo banco correspondente baseado na Europa.

"Não acho justo, não sou uma pessoa sancionada, mas meu dinheiro está bloqueado, não tenho acesso à minha conta na Rússia", explicou a advogada. Devido às restrições, disse Nevskaya, só pôde levar "US$ 10 mil" quando deixou seu país.

(AFP)

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