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Empresa de Palocci faturou R$ 20 milhões em ano eleitoral

Consultoria do ministro da Casa Civil tem resultado equivalente aos das maiores empresas do ramo, conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo

Antonio Palocci não confirmou nem comentou os valores da reportagem (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

Antonio Palocci não confirmou nem comentou os valores da reportagem (Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de maio de 2011 às 10h53.

São Paulo - A empresa de consultoria de Antonio Palocci faturou 20 milhões de reais em 2010, ano em que o atual ministro da Casa Civil coordenou a campanha à Presidência de Dilma Rousseff. Quatro anos antes, quando foi aberta, seu faturamento foi de 160 mil reais. É o que informa reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada nesta sexta-feira, citando duas pessoas com acesso aos resultados financeiros da Projeto, da qual Palocci detém 99,9% do capital.

Conforme apuração do jornal, os ganhos da consultoria de Palocci são equivalentes aos das maiores empresas do ramo. Vinte milhões de reais é aproximadamente o faturamento da líder de mercado, LCA Consultores, que tem uma equipe com mais de cem pessoas. A consultoria Tendências, a segunda do mercado, tem uma equipe de cerca de 70 funcionários e fatura entre 13 e 15 milhões de reais.

Palocci não confirmou nem comentou os valores da reportagem, mas uma nota em nome da Projeto credita o aumento dos ganhos ao "natural crescimento do volume de contratos ano a ano e negociações decorrentes do fim de suas atividades de consultoria". O comunicado invoca mais uma vez o argumento do ministro da Casa Civil para se esquivar de responder por ganhos obtidos na iniciativa privada durante o exercício de um cargo público, de deputado federal (PT-SP): "cláusula de confidencialidade".

Bancos, montadoras e indústrias - Entre as empresas que contrataram o consultor Palocci está, segundo a Folha de S.Paulo, a WTorre. De 2006 a 2010, o grupo negociou com fundos de pensão e a Petrobras. Entre as transações, está a venda de um complexo de edifícios em área nobre de São Paulo à Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Bando do Brasil, o maior do país. Em 2010, a WTorre doou 119 mil reais à campanha de Palocci e 2 milhões de reais à de Dilma, conforme a reportagem.

Também nesta sexta-feira, o jornal O Estado de S.Paulo relata que o ministro da Casa Civil decidiu enviar uma nota de esclarecimento à Procuradoria-Geral da República (PGR) para justificar os ganhos de sua consultoria. Segundo o diário, Palocci vai informar ter trabalhado para pelo menos 20 empresas, incluindo bancos, montadoras e indústrias. Os pagamentos foram feitos principalmente entre novembro e dezembro de 2010, após a vitória de Dilma no segundo turno, quando o deputado teria então comunicado a seus clientes que não atuaria mais no ramo. Dois dias antes da posse de Dilma, a consultoria foi convertida em empresa administradora de imóveis.

A PGR é o único órgão com prerrogativas para investigar um ministro de Estado. Na quarta-feira, o procurador-geral, Roberto Gurgel, afirmou que as atividades de consultoria exercidas pela Projeto, isoladamente, não representam crimes, mas que pediria mais informações ao petista antes de decidir abrir ou não um inquérito.

Investigação - No domingo, a Folha de S.Paulo revelou que o patrimônio do ministro cresceu vinte vezes - de 375 mil a 7,4 milhões de reais - entre 2006 e 2010, período em que o ex-homem forte do governo Lula cumpria mandato de deputado federal. Sem detalhar suas atividades de consultor, Palocci tentou explicar a fortuna comparando-se a outros chefes da área econômica. Não convenceu, e o governo decidiu blindá-lo do que considera fogo amigo.


Na quarta-feira, a oposição tentou passar um requerimento para convocar o ministro a se explicar no Congresso, mas a base aliada, em manobra na Câmara, barrou o pedido. Nesta quinta-feira, alternativamente, o DEM se dispôs a apresentar, em cinco comissões da Câmara, um pedido de investigação sobre a multiplicação do patrimônio do ministro.

"Eu tive que explicar" - Francenildo dos Santos Costa, o caseiro que teve a "confidencialidade" quebrada em 2006, o que acabaria custando a Palocci o cargo de ministro da Fazenda, comentou ao site de VEJA o salto patrimonial do agora ministro da Casa Civil: "Por que ele não explicou de onde veio o dinheiro? Na minha época eu tive que explicar". O piauiense teve sua conta na Caixa Econômica Federal (CEF) violada depois de dizer à CPI dos Bingos que vira Palocci em uma mansão de Brasília frequentada por lobistas da chamada "república de Ribeirão". Francenildo teve de explicar que recebera 30.000 reais do pai biológico como compensação por não registrá-lo como filho legítimo. "O cara que não dá explicação de onde veio o dinheiro é porque o dinheiro é suspeito", raciocina.

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