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Emmerson Mnangagwa, um "crocodilo" da política do Zimbábue

Vice-presidente desde 2014, este veterano da guerra de independência foi demitido na semana passada, vítima das ambições políticas da primeira-dama

Mnangagwa e Mugabe: forçado ao exílio, Mnangagwa prometeu voltar ao país para liderar o partido no poder (Philimon Bulawayo/Reuters)

Mnangagwa e Mugabe: forçado ao exílio, Mnangagwa prometeu voltar ao país para liderar o partido no poder (Philimon Bulawayo/Reuters)

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AFP

Publicado em 17 de novembro de 2017 às 16h09.

Apelidado de "o crocodilo" por seu caráter implacável, o vice-presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, que foi destituído sob a acusação de "deslealdade", nunca desistiu de suceder Robert Mugabe na presidência do país.

Vice-presidente desde 2014, este veterano da guerra de independência foi demitido na semana passada, vítima das ambições políticas da primeira-dama Grace Mugabe.

Sua derrocada durou apenas alguns dias. Forçado ao exílio, Mnangagwa prometeu voltar ao país para liderar o partido no poder, o Zanu-PF.

Retornou para casa na quinta-feira com o apoio do exército, que tomou o controle da capital Harare na terça-feira à noite contra sua destituição.

É agora apontado para liderar a transição política, caso Robert Mugabe concorde em devolver as chaves do país que lidera há trinta e sete anos.

Este cenário seria o ponto culminante para este servo fiel do regime, cujos sonhos têm sido frustrados há tempos.

Desde a independência do Zimbábue em 1980, Robert Mugabe mantém Emmerson Mnangagwa em sua órbita, confiando-lhe importantes cargos ministeriais (Defesa, Finanças ...).

Em 2004, foi vítima pela primeira vez de sua própria ambição. Acusado de provocar intrigas para alcançar o posto de vice-presidente, perdeu o cargo de secretário da Zanu-PF. E sua rival Joice Mujuru venceu a disputa.

Finalmente, em 2014, chegou à vice-presidência, quando Joice Mujuru foi vítima de uma campanha que denegriu sua imagem orquestrada por Grace Mugabe.

Assim, Mnangagwa ganhou o status de potencial sucessor do "camarada Bob", cuja saúde é cada vez mais frágil.

Nascido em 15 de setembro de 1942, no distrito de Zvishavana, no sudoeste de um Zimbábue então britânico, o jovem Emmerson cresceu na Zâmbia.

Filho de um militante anticolonialista, juntou-se em 1966 às fileiras da guerrilha da independência contra o poder colonial. Preso, escapou da pena de morte e cumpriu dez anos de prisão.

"Destruir e matar"

Há anos, Mnangagwa luta para estabelecer laços estreitos com os militares do país.

O "crocodilo" não derrama muitas lágrimas e é conhecido apenas por ser implacável. Ele explica que seus anos de guerrilha o ensinaram a "destruir e matar".

Quando chefe da Segurança Nacional, dirigiu em 1983 a brutal repressão da polícia nas províncias dissidentes de Matabeleland (oeste) e Midlands (centro).

O balanço da ação nunca foi confirmado oficialmente, mas teria feito cerca de 20 mil mortos.

Em 2008, foi o responsável pelas eleições para a presidência e organizou as fraudes e a violência que permitiram Robert Mugabe manter o poder, apesar da derrota no primeiro turno.

Seu zelo lhe valeram sanções americanas e europeias. Mas também o cargo estratégico de chefe do Comando de Operações de todo o aparato de segurança.

Takavafira Zhou, analista político da Universidade Estadual de Masvingo (sul), descreve Emmerson Mnangagwa como um "extremista linha dura".

Ele também seria um dos homens mais ricos em um regime criticado por sua corrupção, com interesses em minas de ouro.

Uma troca de e-mails diplomáticos americanos datada de 2008 e revelada pelo WikiLeaks, evocava "um patrimônio extraordinário", parcialmente adquirido quando ajudou o presidente Laurent Kabila a combater os rebeldes na República Democrática do Congo (RDC).

Após perder a vice-presidência na semana passada, rompeu dramaticamente com Robert e Grace Mugabe, acusando-os de se considerarem "semi-deuses" e denunciar um presidente "que acha que tem o direito de governar até sua morte".

Mas a hipótese de seu retorno ao poder preocupa aqueles que não esqueceram seu passado.

"Ninguém quer uma transição em que um tirano não eleito seja substituído por outro", resumiu o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson.

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