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Emir do Catar descobre que dinheiro não compra amizade

Desde que Tamim bin Hamad al-Thani assumiu, três países vizinhos retiraram seus embaixadores devido às políticas externas do Catar


	Xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, do Catar: assumiu em junho do ano passado
 (REUTERS/Fadi Al-Assaad)

Xeque Tamim bin Hamad Al-Thani, do Catar: assumiu em junho do ano passado (REUTERS/Fadi Al-Assaad)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 23h41.

Doha - Com um ano de reinado, o emir do Catar está percebendo que é preciso mais do que um talão de cheques para fazer amigos.

O índice de ações em Doha sofreu a maior queda no mundo no dia 3 de junho enquanto um grupo especial investiga a suposta corrupção na escolha do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022.

Desde que o xeque Tamim bin Hamad al-Thani assumiu o poder em junho do ano passado, três países vizinhos retiraram seus embaixadores devido às políticas externas do Catar, um hostil governo do Egito acusou o emirado de oferecer asilo à oposição e os rebeldes sírios apoiados pelo emirado fracassaram em uma guerra civil de três anos.

“Parece haver alguma desordem em Doha sobre como lidar exatamente com todos esses problemas que estão se acumulando”, disse ontem Theodore Karasik, diretor de pesquisa no Instituto para Análise Militar do Oriente Próximo e do Golfo em Dubai.

“É evidente que todas essas questões são do governo anterior e o emir atual está tentando enfrentar essas situações”.

Sob o comando do pai do emir de 34 anos, o xeque Hamad bin Khalifa al-Thani, o Catar utilizou a terceira maior reserva de gás natural do mundo para comprar participações na Barclays Plc, na Volkswagen AG e na compra da loja de departamentos londrina Harrods.

Ele também apoiou as rebeliões na Líbia e na Síria, distribuiu bilhões para o primeiro governo islamita do Egito e conquistou o direito de ser sede do evento esportivo mais assistido do mundo.

Ano difícil

Agora, mais de US$ 200 bilhões em gastos associados à Copa estão ameaçados, e projetos, como um sistema de trens e metrô, estão atrasados. O novo aeroporto de Doha foi inaugurado em abril, seis anos depois do previsto.

“Tem sido uma introdução difícil à geopolítica para o jovem emir”, disse Jim Krane, pesquisador assistente do Instituto Baker da Universidade de Rice, em entrevista telefônica há dois dias.

“Ele teve que assumir o lugar do pai e teve que expandir ou manejar algumas políticas polêmicas”.

No dia 1º de junho, o jornal Sunday Times informou que foram realizados pagamentos para que funcionários do futebol apoiassem a oferta do Catar para ser sede do campeonato.

O jornal disse que recebeu milhões de documentos de uma pessoa que ele descreveu como um funcionário sênior da FIFA.

Ele alegou que os documentos mostram que o ex-vice-presidente da FIFA, Mohamed bin Hammam, do Catar, pagou mais de US$ 5 milhões a funcionários do futebol, principalmente da África.

Os organizadores da Copa do Mundo 2022 no Catar negaram as acusações e disseram em comunicado por e-mail que o Catar ganhou porque sua oferta para o evento era a melhor.

O Catar conquistou o direito de ser sede do campeonato de futebol em uma cerimônia de premiação em Zurique, em 2010, ao derrotar os EUA, a Austrália, o Japão e a Coreia do Sul.

O xeque Hamad e sua esposa Mozah Bint Nasser al-Missned foram retratados no palco segurando o troféu da Copa do Mundo.

O Catar foi o único candidato classificado pela FIFA com um risco operacional “alto” porque quase todas as instalações para o evento precisariam ser construídas do zero.

Marca Catar

Desde então, o país está sob a lupa por causa do tratamento dispensado aos trabalhadores migrantes que, segundo um relatório de novembro da Anistia Internacional, sofrem “abuso generalizado e rotineiro”.

A FIFA também está analisando a possibilidade de realizar o campeonato no inverno porque as temperaturas do país do Golfo podem chegar a 50 graus Celsius durante o verão.

A Gala Coral Group, agência de apostas com sede no Reino Unido, parou de aceitar apostas de que o Catar perderá o direito de ser sede da Copa do Mundo de 2022 porque seus analistas acreditam que haja uma grande chance de que o emirado desértico perca o posto de sede do torneio, disse o porta-voz John Hill no dia 3 de junho.

“A marca Catar sofreu um golpe”, disse Sultan Al Qassemi, escritor dos Emirados Árabes Unidos e comentarista de assuntos árabes, ontem em entrevista por telefone.

“Os bilhões que eles investiram foram afetados por acusações sobre uma quantia mínima em comparação com o quanto eles realmente investiram tentando promover a marca”.

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